O Papa Francisco celebrou hoje uma missa na Basílica de São Pedro com a presença de mais de 500 parlamentares italianos, dos presidentes do Senado e da Câmara e de nove ministros da Itália. O Santo Padre refletiu sobre a necessidade que cada pessoa tem na Quaresma de abrir-se ao amor e à salvação de Deus para não terminar sendo um corrupto.

Na primeira leitura, extraída do livro de Jeremias, o profeta apresenta o “lamento de Deus” por uma geração que, assinala o Papa, não acolheu seus mensageiros e que, em vez disso, justifica-se por seus pecados. “Deram-me as costas”, citou o Papa Francisco, acrescentando logo que: “Este é a dor do Senhor, a dor de Deus”. Esta realidade está presente também no Evangelho do dia, a de uma cegueira para Deus, sobretudo, dos líderes do povo.

“O coração daquelas pessoas com o tempo se endureceu tanto, tanto, tanto, que ficou impossível ouvirem a voz do Senhor. E de pecadores que eram, regrediram até tornarem-se corruptos”.

O Santo Padre disse logo que “é muito difícil um corrupto voltar atrás. Os pecadores sim, porque o Senhor é misericordioso e os espera, nos espera a todos. Mas os corruptos ficam presos em suas coisas, e estes eram corruptos. E por isso se justificam, por que Jesus, com a sua simplicidade, mas com a força de Deus os incomodava”.

“Pessoas que seguiram por um caminho errado e que fizeram resistência à salvação de amor do Senhor, e assim se desviaram da fé, de uma teologia de fé a uma teologia do dever”.

O Papa Francisco indicou deste modo que “recusaram o amor do Senhor e esta negação os levou a um caminho que não era o da dialética da liberdade que o Senhor oferecia, mas o da lógica da necessidade, onde não há lugar para o Senhor. Na dialética da liberdade, existe o Senhor bom, que nos ama tanto!”.

“Ao contrário, na lógica da necessidade não há lugar para Deus: a ordem é ‘fazer’, ‘dever’... é uma ordem comportamental: são homens de boas maneiras, mas de péssimos costumes”.

O Santo Padre assinalou também que “neste caminho de Quaresma, fará bem a todos nós pensar no convite do Senhor ao amor e nos questionarmos se estamos caminhando neste sentido, ou estamos ‘correndo o risco de nos justificar e escolhermos outro caminho?’”.

“Rezemos ao Senhor para que nos dê a graça de seguirmos sempre pelo caminho da salvação, de nos abrirmos à salvação que vem apenas de Deus, da fé. Peçamos a Deus que nos dê a graça da fé, e não daquilo que propunham esses ‘doutores do dever’, os quais, sem fé, regiam o povo com a teologia pastoral do dever”.

Para concluir, o Papa exortou cada um de nós a pedir “esta graça: Dá-me Senhor a graça de abrir-me à tua salvação. A Quaresma é para isto. Deus ama todos. Ama todos! Fazer o esforço de abrir-nos: pede-nos somente isto: ‘Abra-me a porta. Eu faço o resto’. Deixemos que Ele entre em nós, nos acolha e nos dê a salvação. Que assim seja”.