Em informações divulgadas pela Agência Ecclesia, do episcopado português, vaticanistas de Portugal reuniram-se recentemente para analisar o primeiro ano de Francisco na Cátedra de Pedro e destacaram que o Papa “quer mudar o mundo” através da caridade. Por outra parte, Andrea Tornielli, do Jornal La Stampa, também partilhou algumas reflexões sobre o aniversário de pontificado resumindo-o em duas palavras: misericórdia e proximidade.

Durante a conferência ‘Francisco: Um Papa do fim do Mundo’, promovida pela Agência Ecclesia, Rádio Renascença e Universidade Católica Portuguesa (UCP) esta semana em Lisboa, Octávio Carmo, jornalista da Agência Ecclesia, considera que o Papa Francisco mostrou neste primeiro ano de pontificado que “quer mudar o mundo” e ajudar a Igreja a recuperar "o seu papel regenerador da humanidade".

“O Papa mostrou neste primeiro ano que quer mudar o mundo, quer partir do local para o global, quer recuperar para a Igreja o seu papel regenerador da humanidade”, algo que mostrou por exemplo nos locais que visitou na Itália, onde “cada destino foi escolhido a dedo para mostrar problemas de imigração, problemas económicos, a pobreza: cada gesto que fez nesses momentos foram para mostrar e incitar a algo”, assinalou.

A também vaticanista Aura Miguel, da Rádio Renascença, enfatizou o fato de Francisco “estar a arrumar a casa, nas áreas económicas e administrativas”, algo que mostra que “ele é alguém que sabe o que quer”.

Para a jornalista, a onda de entusiasmo à volta de Francisco vê-se por exemplo “todas as quartas-feiras quando milhares e milhares de pessoas se juntam para assistir às suas audiências”.  

A vaticanista portuguesa recorda as viagens de avião, em que participou, de e para o Rio de Janeiro aquando das Jornadas Mundiais da Juventude em julho de 2013, quando “Francisco se disponibilizou para responder a todas as questões e mostrou vontade em falar com todos os 74 vaticanistas presentes no avião”.

Aura Miguel lembra que Francisco é o Papa “popular, que prefere que gritem o nome de Jesus do que o dele próprio, alguém que não pode guardar para si a alegria do encontro pessoal que faz, experimenta e alguém que vive a ternura, a misericórdia e contagia todos à sua volta com a sua ternura. Ele propõe uma Igreja que receba, que abrace e ele é apenas o prolongamento desse abraço afetuoso de uma Igreja que é mãe”.

Por sua parte, o vaticanista Andrea Tornielli, do jornal italiano ‘La Stampa’, considera que o primeiro ano de pontificado de Francisco pode ser resumido nas palavras “misericórdia” e “proximidade”, destacando a dinâmica de “reforma” do Papa argentino.

“O aspeto mais importante do pontificado resume-se nas palavras misericórdia e proximidade: com o seu testemunho, o seu magistério e os seus gestos, Francisco fez que muitíssimas pessoas, mesmo longe da Igreja, percebessem a proximidade de um Deus que abraça e ama antes de julgar”, refere à Agência ECCLESIA, que em dezembro entrevistou o Papa, na Casa de Santa Marta, Vaticano.

Nesta mensagem de “misericórdia e perdão de Deus”, acrescenta, ganham importância gestos como “os abraços a pessoas doentes” e o “exemplo” dado por Francisco, que “fala dos pobres e da necessidade de ir ao seu encontro para tocar a carne de Cristo”.

O Papa concedeu uma entrevista ao jornal italiano ‘La Stampa’, publicada a 15 de dezembro, em que falava do seu primeiro Natal no Vaticano e respondia, entre outras questões, às acusações de “marxismo” de que foi alvo.

Tornielli fala num “grande dom” e diz ter encontrado o “Bergoglio de sempre, simples, cordial, que não coloca qualquer distância com o interlocutor”.

“Pareceu-me que se sentia perfeitamente à vontade na sua nova missão, na sua nova diocese”, concluiu.