Uma fonte, que pediu permanecer no anonimato por segurança, informou ao Grupo ACI sobre o crescente drama que se vive na Venezuela, onde a anarquia, a violência e a escassez crescem cada dia, e os cidadãos se sentem desprotegidos ante a ineficiência e a resposta violenta do governo, cuja repressão às manifestações deixou até o momento 23 mortos e centenas de feridos.

As manifestações contra o governo de Nicolás Maduro começaram no início de fevereiro, sofrendo violentas repressões por parte das autoridades. A violência alcançou as agressões contra a fé, registrando-se pelo menos dois ataques contra templos católicos.

A fonte indicou ao Grupo ACI que “desde que começou o protesto estudantil nas ruas da Venezuela, estamos vendo como os problemas e as injustiças aumentam cada dia mais e o governo não pôde resolver a situação”.

“Os protestos não diminuem. Muitos jovens foram presos e submetidos a maus tratos muito fortes por parte das autoridades. E muitos jovens faleceram da maneira mais cruel”.

A fonte lamentou que “em sua grande maioria essas mortes foram causadas por grupos armados que atuam sob a proteção do governo”.

Por sua parte, indicou, “a Igreja Católica, através da Conferência Episcopal Venezuelana, do Cardeal Jorge Urosa e de muitos dos nossos bispos e sacerdotes, em diversas ocasiões (através de comunicados, em declarações aos meios, etc.) exigiram o desarmamento imediato destes grupos armados, mas o governo responde que estes são grupos de paz e que o que acontece é que as pessoas o satanizaram".

“Muitos cidadãos de todo o país foram testemunhas de como estes grupos disparam sem piedade na frente das Igrejas, em praças, em zonas comerciais, zonas residenciais, perto de centros educativos, etc. Por tal situação muitos pais se viram relutantes em enviar os seus filhos ao colégio porque ninguém pode garantir a vida dessas crianças”.

A fonte confessou ao Grupo ACI que os venezuelanos “estão realmente vivendo momentos de uma anarquia muito grande. Os venezuelanos nos sentimos totalmente desprotegidos”.

“Só nos resta rezar e pedir a Deus que nos ajude porque não vemos ações concretas e rápidas do governo para solucionar este problema tão grave”.

Além disso, denunciou, “estamos atravessando uma crise muito grave na área da saúde. Não se conseguem os remédios nas farmácias, as pessoas que têm câncer não conseguem seus tratamentos, as pessoas que têm que fazer diálise já vão ficar sem os insumos necessários, os hospitais não têm insumos e não podem atender os pacientes”.

“As clínicas privadas suspenderam toda operação que não seja uma emergência porque em um mês ficarão sem insumos”.

“Por outra parte o comércio não tem mercadoria para vender porque o governo não termina de entregar as divisas necessárias para que se importe a mercadoria”.
A escassez de alimentos na Venezuela “é terrível” lamentou, indicando que “os venezuelanos fazem horas de fila para conseguir alimentos básicos e no interior do país não se conseguem muitos alimentos como o leite, açúcar, farinha, etc. Alguns mercados tiveram que fechar suas portas”.

“Em Caracas um supermercado grande que fica perto da estrada fechou porque vinham pessoas de outras partes da Venezuela para levar a comida e a mercadoria acabou”.

“Em poucas palavras, estamos vivendo como se estivéssemos em guerra e o governo não termina de resolver o problema da violência nem o problema econômico”.

A fonte indicou que “não sabemos o que irá acontecer. Os venezuelanos nos sentimos angustiados e o único que nos resta é continuar pedindo a Deus que nos ajude”.

“E pedimos incansavelmente a Nossa Padroeira a Virgem de Coromoto que nos proteja de tudo e que nunca permita o confronto entre irmãos venezuelanos”.

“Nossos bispos estiveram apoiando o seu rebanho de maneira exemplar e nossos sacerdotes também”.

Apesar dos “momentos muito difíceis que estamos vivendo”, assinalou, “sabemos que de todo o mal sempre sairão coisas boas. Deus queira que o tempo da injustiça diminua e que logo os venezuelanos possam viver em um país onde reine a Justiça e a Paz”.