Nas suas palavras antes da oração do Ângelus, na Praça de São Pedro, o Papa Francisco exortou os fiéis a não colocarmos a nossa segurança nos bens deste mundo e acumular riquezas, pois “levamos para o céu somente aquilo que partilhamos com os outros”.

O Santo Padre assinalou que na Liturgia de hoje “encontramos uma das verdades mais reconfortantes: a Providência Divina. O profeta Isaías a apresenta com a imagem do amor materno cheio de ternura”.

“E diz assim: ‘Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti’. Que belo é isto! Deus não se esquece de nós, de nenhum de nós, né? De nenhum de nós, recorda-nos com nome e sobrenome. Ama-nos e não se esquece. Que belo é pensar nisto”.

Francisco indicou que “este convite à confiança em Deus encontra um paralelo na página do Evangelho de Mateus: ‘Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta..… Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Porém, eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles’”.

“Mas pensando em tantas pessoas que vivem em condições de precariedade, ou inclusive na miséria que ofende sua dignidade, estas palavras de Jesus poderiam parecer abstratas e ilusórias. Mas na realidade são mais que nunca atuais!”.

O Santo Padre assinalou que “recordam-nos que não se pode servir a dois senhores: Deus e a riqueza. Enquanto cada um buscar acumular para si, jamais haverá justiça. Devemos ouvir bem isso, hein? Enquanto cada um buscar acumular para si, jamais haverá justiça. Se, ao invés, confiando na providência de Deus, buscarmos, juntos, o seu Reino, então não faltará a ninguém o necessário para viver dignamente”.

“Um coração ocupado pela avidez de possuir é um coração vazio de Deus. Por isso Jesus advertiu várias vezes aos ricos, porque neles é forte o risco de colocar a própria segurança nos bens deste mundo, e a segurança, a segurança definitiva, está em Deus”.

O Papa advertiu que “num coração possuído pelas riquezas, não há muito lugar para a fé: tudo é ocupado pelas riquezas, não há lugar para a fé. Se, ao invés, se dá a Deus o lugar que lhe cabe, isto é, o primeiro, então o seu amor leva a partilhar também as riquezas, a colocá-las a serviço dos projetos de solidariedade e de desenvolvimento, como demonstram tantos exemplos, inclusive recentes, na história da Igreja”.

“E assim, a Providência de Deus passa pelo nosso serviço aos outros, pelo nosso partilhar com os outros. Se cada um de nós não acumula riquezas somente para si, mas as coloca ao serviço dos outros, neste caso a Providência de Deus se faz visível como um gesto de solidariedade”.

Pelo contrário, disse o Papa, se “alguém acumular somente para si, o que lhe acontecerá quando for chamado por Deus? Não poderá levar as riquezas consigo porque -saibam- o sudário não tem bolsos!”.

“É melhor partilhar, porque levamos para o Céu somente aquilo que partilhamos com os outros”.

Francisco disse que “o caminho indicado por Jesus pode parecer pouco realista, em relação à mentalidade comum e aos problemas da crise econômica, mas, pensando bem, conduz-nos à justa escala de valores. Diz Jesus ‘A vida não vale mais do que o alimento, mais do que a roupa?’”

“Para fazer de modo que a ninguém falte o pão, a água, a roupa, a casa, o trabalho, a saúde, é necessário que todos nos reconheçamos filhos do Pai que está nos céus e, portanto, irmãos entre nós, e nos comportemos consequentemente. Foi o que recordei na Mensagem para a Paz de primeiro de janeiro: o caminho para a paz é a fraternidade. Este caminhar juntos, partilhar as coisas juntos”.

O Santo Padre pediu que “à luz da Palavra de Deus deste domingo, invoquemos à Virgem Maria como Mãe da Divina Providência”.

“A ela confiamos nossa existência, o caminho da Igreja e da humanidade. Em particular, invoquemos sua intercessão para que todos nos esforcemos em viver com um estilo simples e sóbrio, com o olhar atento às necessidades dos irmãos mais necessitados”, concluiu.