O Arcebispo de Caracas (Venezuela), Cardeal Jorge Urosa Savino, assinalou que a Conferência pela Paz convocada e iniciada nesta quarta-feira pelo presidente Nicolás Maduro deve ter como uma “condição fundamental” que se castigue àqueles que dispararam contra as manifestações pacíficas causando mortos e feridos, pois “há um problema grave de violação dos Direitos Humanos que deve ser enfrentado e deve ser sancionado”.

Em declarações a uma rádio local, o Cardeal afirmou que os bispos venezuelanos insistem “na necessidade do diálogo, de rejeitar a violência, e colocamos como um ponto extremamente importante o rechaço ao abuso da força por parte dos funcionários dos corpos de segurança do Estado”.

“Há um problema grave aí, e me parece que a Conferência pela Paz que o presidente Maduro convocou deve ter como uma condição fundamental que se sancione de uma maneira verdadeiramente clara, de acordo com a Constituição e com as leis, a todas as pessoas que causaram mortos e feridos, nos ataques aos manifestantes”, expressou.

O Cardeal Urosa indicou que embora seja verdade que houve vandalismo “em algumas manifestações (…), o que causou os mortos e feridos foi, sobretudo, os ataques que aconteceram contra as manifestações pacíficas (…). De maneira que há um problema grave de violação dos Direitos Humanos que deve ser enfrentado e deve ser sancionado”.

Nesse sentido, expressou sua satisfação pelo anúncio da Procuradoria Geral de que há cinco funcionários presos e “em processo judicial justamente por esses excessos, por esses abusos da força”.

O Arcebispo recordou que na Conferência pela Paz –a qual foram convidados o Secretário Geral da CEV, Dom Jesus González de Zárate; e o Núncio Apostólico, Dom Aldo Giordano-, o representante do Vaticano expressou a necessidade de que o diálogo se baseie na verdade e na justiça. “Isso é um ponto extremamente importante e que deve ser levado em consideração para que se obtenha a paz”, indicou o Cardeal Urosa.

“Todos temos que fazer um grande esforço por procurar a paz, por rejeitar os interesses de grupo, partidários, temos que procurar o encontro e a reconciliação, sempre de acordo à Constituição e às leis, evitando o querer impor um sistema político a todos os venezuelanos a partir da aplicação de umas leis que vão em uma linha que não está prevista na Constituição Nacional”, acrescentou.

Finalmente, assegurou que “a fé em nosso Senhor nos leva a todos a sentir-nos irmãos. Temos que pedir a Deus que ajude a que todos nós os venezuelanos para que possamos viver como irmãos”.