Líderes da oposição cubana criaram nesta quarta-feira, 26, “um grupo representativo que atuará como canal de diálogo com as instituições internacionais e outros possíveis interlocutores”, entre eles está a União Europeia (UE), cujo Conselho de Ministros de Exterior aprovou no dia 10 de fevereiro a negociação de um acordo de diálogo e cooperação com o regime de Raúl Castro.

Em um comunicado enviado ao grupo ACI, os opositores pediram perante o Governo de Cuba e a comunidade internacional a libertação incondicional de todos os presos políticos, incluindo aqueles que estão cumprindo pena em regime semi-aberto e os que foram detidos por protestar contra a violenta repressão política na ilha ou por participar em manifestações pacíficas pelo respeito aos direitos humanos no país.

O ato foi realizado na Casa da América de Madri (Espanha). Entre os assinantes estão Guillermo Fariñas, representante da União Patriótica Cubana (UNPACU); Juan Felipe Medina, do Movimento Cristão de Liberação (MCL); Elizardo Sánchez, da Comissão Cubana de Direitos humanos; Manuel Custa Morua, do grupo Arco Progressista; Berta Soler, líder das Damas de Branco, o jornalista Reinaldo Escobar e a blogueira Yoani Sánchez.

Em declarações recolhidas pelo site Eldiario.es, Juan Felipe Medina assinalou que nas negociações internacionais de Cuba "a temática até o momento foi não falar do que incomoda o governo", e apontou que a oposição não pretende "apresentar uma agenda" à UE mas que há temas que "não podem ser excluídos".

Por sua parte, Berta Soler recordou que as Damas de Branco lutam "não por uma mudança econômica e migratória, mas principalmente pelo respeito aos direitos humanos", por isso as negociações entre a UE e Cuba geram "preocupação".

Durante o evento, os dissidentes cubanos expressaram seu apoio aos "democratas pacíficos" que marcham na Venezuela. Indicaram que "seguem com atenção" os acontecimentos no país sul-americano devido às relações históricas entre o chavismo e o regime cubano.

Em um comunicado enviado ao grupo ACI nesta quarta-feira, o MCL expressou a necessidade de elevar o nível de exigências ao regime cubano.

“O MCL apoia o fortalecimento da sociedade civil na ilha, mas deixou claro durante a reunião organizada pelo AIL na Casamerica em Madri, que não se pode falar de sociedade civil sem direito à liberdade de associação e à liberdade de expressão”, assinala a nota.

Juan Felipe Medina, membro do Conselho Diretivo do MCL, que participou do evento, assegurou que “sem o reconhecimento a estes direitos (...) não é possível concretizar e avançar rumo a estas liberdades”.

O movimento fundado pelo falecido líder opositor Oswaldo Payá assinalou que “espera que o diálogo entre membros da sociedade civil possa avançar rumo a formas de unidade e representatividade em consulta com toda a oposição”.

“Juan F. Medina pediu aos participantes, para que seja recolhido no texto da declaração do encontro, o apoio a uma investigação das mortes de Oswaldo Payá e Harold Cepero, proposta que foi desprezada pela maioria”, advertiu o MCL.