Diversos representantes da luta pelos direitos humanos denunciaram que o governo da Venezuela, em seu afã por impedir que se conheça a verdade sobre a violenta repressão exercida contra os pacíficos manifestantes nestes dias no país, lançou uma agressiva campanha nas redes sociais, utilizando táticas cubanas, contra aqueles que informam sobre a real situação da nação sul-americana.

Através das redes sociais, de forma particular no Twitter, o regime de Nicolás Maduro, repetindo as estratégias da inteligência cubana, organizou um exército de “trolls” -contas de supostos usuários dedicados a incomodar outros de forma insistente e insultante- para atacar os seus opositores.

Depois da publicação na agência ACI Prensa (a agência de notícias em espanhol do grupo ACI) de algumas notícias sobre a conturbada situação na Venezuela, os “trolls” de Nicolás Maduro intensificaram seus ataques contra esta agência.

Contas como JoseEnriquel41, que tem apenas 2 seguidores, lançaram um ataque repetido por dezenas de outros usuários: “Parece-me irresponsável que @aciprensa se dedique a  desprestigiar a Venezuela recapacite @albermudezr”, fazendo referência à conta do diretor do grupo ACI, o jornalista Alejandro Bermúdez Rossel, no twitter.

Muitos dos usuários que repetiram o ataque não têm identidade e só exibem fotos de personagens históricos, com nomes falsos.

Pouco depois, chegou uma segunda onda de ataques, que repetiam: “Os responsáveis por @aciprensa fazem parte da imprensa amarela e se dizem católicos”.

O padrão dos usuários que repetiam essas frases era o mesmo: tinham entre um e dois seguidores e seguiam cinco usuários no Twitter: Sala Nueva Esparta, Noris de Argotte, Carlos Mata Figueroa, governador do estado venezuelano de Nova Esparta e sua esposa Dinora Villasmil. Todas estas contas seguem também a de Nicolás Maduro.

O terceiro ataque foi iniciado pelo usuário Doily Hernández, que se declara “Humilde, Sincero, Católico, Revolucionário e Chavista”. Seu tweet foi repetido por algumas dezenas de usuários: “Meio Católico @aciprensa mente descaradamente sobre a situação na #Venezuela @albermudezr” e postava a captura da tela da notícia: “O drama da Venezuela entre protestos e o assassinato de dois salesianos”.

Especialistas em redes sociais indicaram anteriormente como é simples criar perfis falsos no Twitter que, a maneira de robôs, repetem frases parecidas ou se unem como falsos seguidores de uma conta. Estes robôs podem ser comprados facilmente na internet como denunciou o jornal americano The Wall Street Journal, revelando que pode-se comprar 1000 contas falsas por 58 dólares.

Citados pelo The Wall Street Journal, os investigadores italianos Andrea Stroppa e Carlo de Micheli informaram ter encontrado 20 milhões de contas falsas no Twitter.

Estas contas, indicou o jornal, são usadas “para ‘seguir’ outras contas do Twitter ou para retransmitir tweets”.


O diretor do Grupo ACI, Alejandro Bermúdez, em resposta aos ataques no Twitter assegurou que “esta manobra do chavismo desesperado contra o Grupo ACI só fará que digamos a verdade com mais força”.