O Pontifício Conselho de Justiça e Paz celebrará o 50º aniversário da encíclica do Beato João XXIII, Pacem in Terris (Paz na Terra) com um grande congresso que reunirá no Vaticano a mais de 60 reitores e educadores das principais universidades pontifícias e católicas de todo o mundo.

O presidente do Pontifício Conselho de Justiça e Paz, Cardeal Peter Turkson, junto com o Secretário do mesmo dicastério, Dom Mario Toso, apresentaram nesta manhã as jornadas de estudo que se realizarão de 2 a 4 de outubro.

Em uma entrevista concedida ao Grupo ACI, Dom Toso explicou que "com estas conferências buscamos o compromisso das universidades católicas e pontifícias, o primeiro problema é a mobilização dos fiéis, portanto, em primeiro lugar necessitamos a mobilização e o compromisso dos intelectuais católicos neste campo, a paz".

"A Igreja em si mesma pode ser verdadeiramente um modelo de nova sociedade, e ajudar à paz sendo simplesmente o povo de Deus", e com este impulso "a sociedade humana como família humana poderia tomar muitíssimas energias do povo de Deus. São energias de comunhão, de amor, pode tomar a perspectiva da civilização do amor fraternal", acrescentou.

Neste sentido, Dom Toso destacou que João XXIII foi um autêntico visionário ao propor a Pacem in Terris como modelo para a paz, porque "tem uma atualidade múltipla que recorda que a paz é uma obra que se realiza no conjunto de todos".

"Defender a paz não é algo que pertence apenas aos representantes dos povos, mas também depende da colaboração de todos os cidadãos que se comprometem na comunhão, no diálogo recíproco, na fraternidade, e na visão da humanidade de uma só família, a família de Deus", expressou.

As conferências abordarão diversos temas, como o compromisso das novas gerações católicas para pronunciar-se no mundo da política, a organização internacional para o bem comum universal, e os novos desafios para obter a paz no planeta.

Do mesmo modo, o encontro tratará a problemática da crise econômica e a renovação na hierarquia de valores, os conflitos para o acesso aos recursos básicos como a água, os alimentos ou a energia, e o desenvolvimento descontrolado das ciências biológicas e a sua ameaça para a dignidade do homem.

Dom Toso ressaltou que a humanidade enfrenta novas formas de terrorismo procedentes dos novos meios digitais, tecnologias e armas que fazem vulneráveis à população. "Estamos diante de forças muito difíceis de controlar e isto exige pensar não somente no controle imediato, mas também no trabalho da prevenção", disse.

Para Dom Toso a melhor prevenção possível consiste em eliminar a arca da pobreza, as arcas onde se cultiva o fundamentalismo e se exclui os outros, e isto através de um compromisso cultural religioso e de solidariedade de cooperação que é possível contrastar.

Perseguição e paz

Na apresentação, o Cardeal Turkson assinalou que durante as jornadas também se fará especial insistência na problemática da perseguição religiosa. "Todos nós devemos nos sentir perseguidos junto aos que são perseguidos no mundo para ajudá-los e pedir uma lei que os defenda", denunciou.

O Cardeal ganês apresentou como ferramenta de apoio para as três jornadas o volume "O conceito de paz", que conta com a colaboração de conhecidos estudiosos nesta matéria.