Grande indignação e rechaço em um grande setor dos cidadãos da Argentina causou a manipulação da imagem do Papa Francisco em diversos cartazes eleitorais nos que aparece cumprimentando a presidente Cristina Fernández de Kirchner e um candidato a deputado, Martín Insaurralde.

Ante as eleições primárias do próximo dia 11 de agosto, a imagem do Pontífice foi utilizada em cartazes com a frase de Francisco aos jovens: "Nunca se desanimem, não deixem que a esperança se apague", conforme informou ao Grupo ACI Martín Patrito de ArgentinosAlerta.org.

Patrito também denunciou que em uma combi, chamada de "papamóvel" que circula pela cidade de Buenos Aires, vê-se outra imagem do Papa com a Presidente que estão sendo observados "desde o céu" pelos ex-presidentes falecidos, Néstor Kirchner e Juan Domingo Perón com a frase "Olha pibe onde chegamos".

Os cartazes foram desenhados pela agência publicitária, "Equipos de Difusión", que pertence ao ex-secretário de meios do governo, o "kirchenrista", Enrique "Pepe" Albistur.

A foto utilizada foi tirada quando o Santo Padre cumprimentou rapidamente a Kirchner e Insaurralde, no último dia 28 de julho na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Rio 2013 no Rio de Janeiro, Brasil.

A imagem do "papamóvel" mostra o cumprimento de Francisco a Cristina Fernández de Kirchner em março em um encontro que tiveram no Vaticano. O veículo apoia a campanha dos candidatos do partido Frente para a Vitória, Daniel Filmus e Juan Cabandié.

Por sua parte, Insaurralde, quem também é o intendente de Lomas de Zamora, em declarações para Rádio La Red manifestou que "não os vi (os cartazes com sua imagem)" e indicou que "não fazem parte da campanha da Frente para a Vitória".

Disse também que ele e seu filho faziam parte da delegação que viajou para o Brasil para ver o Papa com a presidente. "Pedi à Presidente se podia acompanhar meu filho adolescente, e me disse ‘sim, como não?’", sublinhou.

ArgentinosAlerta.org assinalou que é difícil acreditar nas declarações do candidato, "tendo presente o estilo de governo da presidente Kirchner, em que nada se faz sem ter seu consentimento".

Ademais, esta campanha "manifesta a hipocrisia de um governo que durante anos esteve contra o então Cardeal Bergoglio", hoje Papa Francisco.

A senadora nacional da Argentina, Liliana Negre de Alonso, em uma entrevista concedida ao Grupo ACI em abril, recordou que o então Arcebispo de Buenos Aires enfrentou os ataques do casal Kirchner, que o considerava seu principal inimigo, especialmente no tema do mal chamado matrimônio homossexual legalizado na Argentina em 2010.

Entre os comentários que suscita esta campanha nas redes sociais, Romi Saluzzo, uma moradora de Lomas de Zamora, lugar onde Insaurralde é intendente, escreveu que Kirchner "sempre criticou a Igreja e até aceitou a lei de aborto e o matrimônio igualitário... usa Francisco como está usando a todos para seu benefício".

Um morador da cidade de Córdoba, Alberto Surra, assinalou que "não é por sair ao lado de sua Santidade que a pessoa fica melhor, mais honesta, mais solidária, mais católica, melhor pessoa, isso não significa nada mais que uma lembrança que por uma estranha casualidade conseguiu dar a mão a um Ser Brilhante e Santo! Amado e respeitado por todo mundo".

ArgetinosAlerta.org sublinhou que com a impressão destes "desagradáveis cartazes" se vê o "desespero por conseguir votos", para o Kirchnerismo "tudo é válido".

Esta campanha acrescenta mais uma indignação para os argentinos que nesta quinta-feira, 8 de agosto às 20 horas, sairão às praças de todo o país para protestar contra a corrupção, delinquência, falta de emprego e inflação que afeta a Argentina. Assim, os argentinos que moram em outras partes do mundo também se unirão ao protesto em frente das embaixadas do país.

Esta marcha que se realizará a apenas três dias das eleições, não é a primeira que se faz em rechaço ao governo, no último dia 18 de abril se realizou outra de tantas que só na cidade de Buenos Aires reuniu mais de 300 mil pessoas.