"Era muito necessária uma encíclica sobre a Fé", afirmou nesta quarta-feira o Presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), Cardeal Antonio María Rouco Varela, durante a apresentação oficial no país da primeira encíclica do Papa Francisco "Lumen Fidei".

 Em conferência de imprensa, na sede do Episcopado, o também Arcebispo de Madri assinalou que "é uma grande escolha que o título seja precisamente ‘A luz da fé’. Porque a fé não é uma fonte de enigmas, não expõe mais perguntas ao homem, mas dá soluções, não é um tipo de conhecimento indecifrável, mas é a abertura à luz".

Por sua parte, o Secretário Geral da CEE, Dom Juan Antonio Martínez Camino, disse que com esta encíclica "o Papa bateu mais um recorde, que é ter a primeira encíclica pouco depois de três meses de pontificado. Um recorde que "foi possível porque Francisco teve a humildade de assumir um texto preparado em parte pelo seu predecessor; e Bento XVI demonstrou a sua capacidade de desprendimento ao desapropriar-se de um trabalho como este e passar-lhe a seu sucessor".

Nesse sentido Dom Martínez Camino relacionou a publicação da encíclica "Lumen Fidei" com a próxima beatificação de 522 mártires espanhóis que acontecerá em Tarragona no próximo dia 13 de outubro. "O Papa começa a encíclica com uma entrevista de São Justino, quando faltam poucas semanas para a beatificação dos 522 mártires em Tarragona em 13 de outubro. Dizia São Justino, santo filósofo e mártir, fazendo referência aos pagãos: ‘não se vê que ninguém esteja disposto a morrer pela sua fé no sol’".

Durante a conferência de imprensa, Dom Martínez Camino e o presidente da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé, Dom Adolfo González Montes, coincidiram em assinalar que "atualmente só se acredita na verdade tecnológica".

"O Papa denuncia que só existe como válida a verdade tecnológica. E só vale o que funciona. Mas também há verdade inclusive no que não funciona, ou seja, sim há verdade na doença, na lepra, na prisão, na morte", assinalou Dom Adolfo González.

O também Bispo de Almería acrescentou que "a fé projeta uma luz prodigiosa sobre a paz social e facilita o exercício humano da justiça".

Finalmente, o Cardeal Rouco Varela recordou que logo depois de sua eleição, Francisco disse aos cardeais reunidos no conclave que "estávamos no caminho, mas que o caminho era Cristo e que se não sabíamos anunciar a Cristo ressuscitado pouco íamos evangelizar. A encíclica da Fé recorda a toda a Igreja que plena e alegremente temos que anunciar Jesus Cristo de todo coração, para oferecer aos homens de nosso tempo, com suas crises e seus problemas, a fonte de luz que é a Fé em Jesus".