Em suas palavras prévias à oração do Ângelus, frente aos milhares de fiéis congregados na Praça de São Pedro, o Papa Francisco sublinhou a importância de aprender a escutar a nossa consciência, pois é o espaço "da escuta de Deus".

O Santo Padre indicou que "devemos aprender a escutar mais a nossa consciência. Mas atenção! Isto não significa seguir o próprio "eu", fazer aquilo que me interessa, que me convém, que me agrada… Não é isto!".

"A consciência é o espaço interior da escuta da verdade, do bem, da escuta de Deus; é o lugar interior da minha relação com Ele, que fala ao meu coração e me ajuda a discernir, a compreender o caminho que devo percorrer e, uma vez tomada a decisão, a seguir adiante, a permanecer fiel".

O Papa assinalou que "o Evangelho deste domingo mostra uma passagem muito importante na vida de Cristo: o momento no qual – como escreve São Lucas – ‘Jesus toma a firme decisão de colocar-se em caminho rumo a Jerusalém’. Jerusalém é a meta final, onde Jesus, em sua última Páscoa, deve morrer e ressuscitar, e assim cumprir a sua missão de salvação".

"Desde aquele momento, depois da ‘firme decisão’, Jesus fixa a meta, e também às pessoas que encontra e que pedem para segui-Lo, diz claramente quais são as condições: não ter uma moradia permanente; desapegar-se dos afetos humanos; não ceder à nostalgia do passado".

Entretanto, apontou o Santo Padre, "Jesus diz também aos seus discípulos, encarregados de precedê-lo no caminho rumo a Jerusalém para anunciarem a sua passagem, para não imporem nada: se não encontrarem disponibilidade de acolhê-Lo, que prossigam, sigam adiante. Jesus não impõe nunca, Jesus é humilde, Jesus convida. Se você quer, vem. A humildade de Jesus é assim: Ele convida sempre, não impõe".

Tudo isto nos faz pensar, disse o Papa, particularmente "na importância que, também para Jesus, teve a consciência: o escutar no seu coração a voz do Pai e segui-la".

"Jesus, na sua existência terrena, não era, por assim dizer, "telecomandado": era o Verbo encarnado, o Filho de Deus feito homem, e em certo ponto tomou a firme decisão de sair para Jerusalém pela última vez; uma decisão tomada na sua consciência, mas não sozinho: junto do Pai, em plena união com Ele!".

Jesus, indicou o Santo Padre, "decidiu em obediência ao Pai, em escuta profunda, íntima da sua vontade. E por isto a decisão era firme, porque tomada junto com o Pai. E no Pai Jesus encontrava a força e a luz para o seu caminho".

"E Jesus era livre, naquela decisão era livre. Jesus quer nós cristãos livres como Ele, com aquela liberdade que vem deste diálogo com o Pai, deste diálogo com Deus".

Francisco remarcou que "Jesus não quer cristãos egoístas, que seguem o próprio "eu", não falam com Deus; nem cristãos fracos, cristãos que não têm vontade, cristãos "telecomandados", incapazes de criatividade, que buscam sempre conectar-se com a vontade do outro e não são livres. Jesus nos quer livres!".

"E esta liberdade acontece onde? Acontece no diálogo com Deus na própria consciência. Se um cristão não sabe falar com Deus, não sabe sentir Deus na própria consciência, não é livre, não é livre".

Francisco assinalou que recentemente "tivemos um exemplo maravilhoso de como é esta relação com Deus na própria consciência, um recente exemplo maravilhoso. O Papa Bento XVI nos deu este grande exemplo".

"Quando? o Senhor o fez entender, na oração, qual era o passo que devia seguir. Seguiu, com grande senso de discernimento e coragem, a sua consciência, isso é, a vontade de Deus que falava ao seu coração. E este exemplo do nosso Padre faz tanto bem a todos nós, como um exemplo a seguir".

O Papa também recordou que "a Virgem, com grande simplicidade, escutava e meditava no íntimo de si mesma a Palavra de Deus e aquilo que aconteceu com Jesus. Seguiu o seu Filho com íntima convicção, com firme esperança".

"Que Maria nos ajude a transformar-nos cada vez mais em homens e mulheres de consciência, livres na consciência, porque é na consciência que se dá o diálogo com Deus; homens e mulheres capazes de escutar a voz de Deus e de segui-la com decisão, capazes de escutar a voz de Deus e de segui-la com decisão", concluiu.