O eurodeputado popular Jaime Mayor Oreja e Adolfo Suárez Illana, filho do ex-presidente do Governo Adolfo Suárez, apoiaram na tarde de ontem a apresentação da iniciativa popular europeia "Um de nós", que pretende impedir por ser "inútil" o financiamento de pesquisas que suponham a destruição de embriões humanos já que, segundo os promotores, "demonstrou-se pela ciência que existem alternativas respeitosas com a vida".

O ato, celebrado no escritório em Madri da Comissão e do Parlamento Europeu, foi apresentado por Miguel Ángel Tobías, que insistiu em que se trata de uma iniciativa "aconfessional e apolítica" e que cada um dos que rechaçam a pesquisa com embriões humanos o faz "a título individual".

Entre as 500 personalidades que, segundo 'Um de nós' ('One of us', na versão inglesa para o conjunto de países da Europa), respaldam esta iniciativa popular se encontra o toureiro Juan José Padilla -que não pôde finalmente ir ao ato desta segunda-feira-, a jornalista Isabel Durán ou o secretário geral da Real Academia de Jurisprudência, Rafael Navarro Valls, que advogou por "reencontrar-se com as raízes mais profundas da Europa".

O eurodeputado Jaime Mayor Oreja advertiu que a Europa enfrenta um "debate crucial" do ponto de vista cultural mais que ideológico. "De todos os adversários, o pior é o que não tem siglas", disse antes de sustentar que o "medo ao que dirão é pior que o medo físico".

Os promotores de "Um de nós", como Adolfo Suárez Illana, defenderam que o mais progressista é defender a vida. "Há quem oferece atalhos à vida", disse em referência ao aborto e à eutanásia, "mas nunca pode ser identificando-se com o progresso e a democracia".

Ponto de vista científico

Mónica López Barona, membro do Comitê Diretor de Bioética do Conselho da Europa, assegurou que do ponto de vista da ciência se sabe "com certeza que desde o momento em que um espermatozoide fecunda um óvulo temos vida". "Hoje sabemos", continuou, "que pesquisar com células embrionárias não tem sentido terapêutico".

Tanto López Barona como Nicolás Jouve, catedrático de Genética, destacaram a "inutilidade" de realizar pesquisas com embriões humanos tendo em conta que já existem "alternativas". Jouve citou expressamente os trabalhos com células mães não embrionárias premiados com o Prêmio Nobel de Medicina.

A porta-voz de 'Um de nós', María Crespo, detalhou as cifras da iniciativa, que já conta com 500.000 assinaturas no conjunto da Europa, 40.000 na Espanha. Os países que "conseguiram o objetivo mínimo" proposto pelas autoridades europeias para tramitar a ILP são, além da Espanha, Hungria, Itália, Polônia, Áustria, Eslováquia e Holanda.