O Presidente do Pontifício Conselho para a Família, Dom Vincenzo Paglia, pediu por uma mudança cultural que permita recuperar o valor e o sentido do "sim para sempre" que os esposos devem expressar no momento de formar uma família no matrimônio.

"Por desgraça hoje em dia se você der o ‘Sim para toda a vida’ para o seu time de futebol, é mais aceitável que se o der ao seu marido ou a sua mulher", denunciou Dom Paglia desde Roma no último dia 14 de maio em um encontro com os jornalistas para anunciar a sua próxima viagem a América Latina.

"Faz falta uma ré-proposição cultural. Hoje em dia, ninguém faz mais a comunhão de bens, porque dizem: ‘nunca se sabe’. O ‘para sempre’, hoje em dia só se diz para o time de futebol, e já não mais para a mulher ou para o marido. Se disser pelo meu time, culturalmente está bem aceito, mas se disser para o seu marido ou para a sua mulher, as pessoas olham como se estivesse louco!", exclamou.

A autoridade vaticana sustenta que há um grande problema cultural, porque a família deixou de ser apoiada pela cultura. "Faz 30 ou 40 anos a sociedade não suportava que alguém não se casasse chegada a certa idade. Mas hoje ocorre exatamente o contrário... E quando digo que vivemos em uma ‘sociedade líquida’, dou-me conta da tragédia que há por trás deste adjetivo: Significa que já não confiamos em ninguém. Ninguém pode confiar em ninguém", lamentou.

A autoridade vaticana afirmou que as famílias formadas por um pai, uma mãe, e filhos, "são a coluna vertebral dos países". Dentro de uns anos "haverá tantos filhos únicos, que já não se compreenderá qual é o significado da palavra irmão ou irmã", advertiu.

É por isso que as famílias com um pai, uma mãe e filhos, "merecem receber muito mais atenção e ajuda por parte do Estado… e mais direitos fiscais", acrescentou.

Neste sentido explicou que seu objetivo é propor a família como centro da política, a economia e da cultura.

Dom Paglia visitará a Argentina e Chile

O Arcebispo Paglia visitará no dia 21 de maio Buenos Aires para apresentar "A Carta dos Direitos da Família", na Universidade Católica da Argentina. O texto é o mesmo de faz 30 anos, mas contará com a novidade acrescentada de um comentário contribuído pela autoridade vaticana.

O Prelado foi convidado a ambos os países antes da eleição do Papa Francisco, mas sustenta que Francisco "é um sinal dos tempos, e que a América Latina é uma grande oportunidade e um grande desafio".

Em 22 de maio Dom Paglia visitará La Plata, a 30 quilômetros da capital, para encontrar às famílias afetadas pelas recentes inundações e aos movimentos e associações a favor da vida e da família.

Ao dia seguinte, 23 de maio, chegará a Santiago do Chile e terá um encontro com os responsáveis pela Rede de Institutos Universitários Latino-americanos de Família (REDIFAM), na Pontifícia Universidade Católica do Chile (PUCC), que celebra 125 anos desde sua fundação. O Prelado será recebido pelas máximas autoridades e oferecerá uma conferência titulada "A família, educadora das virtudes".

Em 24 de maio celebrará a Missa na Universidade de Los Andes junto aos responsáveis pelos Centros de Família da América Latina, e falará sobre as "Linhas essenciais da pastoral familiar no presente".

Na tarde, encontrará a Comissão Nacional de Pastoral Familiar na PUCC, e de noite encontrará os seminaristas do Seminário Pontifício Maior de Santiago.

Em 25 de maio, na PUCC, terá um encontro com os jovens líderes católicos do país em um encontro que espera a participação de 200 jovens, junto a quem Dom Paglia celebrará a Missa na tarde.

O último dia, 26 de maio, a autoridade vaticana peregrinará ao Santuário Nacional de Maipú, celebrará Missa em uma paróquia próxima, visitará o Centro de Família da Diocese de São Bernardo, e para terminar, na Nunciatura Apostólica, terá um encontro com os líderes das associações dedicadas a sustentar à família.