A jornalista venezuelana Macky Arenas, diretora de Reporte Católico Laico (RCL), denunciou que "a grave escassez de alimentos no país, que ameaça inclusive à possibilidade de ter vinho e hóstias nas Missas, deve-se em boa parte à corrupção que reina na administração governamental".

A Comissão de Liturgia da Conferência Episcopal Venezuelana advertiu em um comunicado que a fabricante do vinho autorizado na Venezuela para a celebração da Eucaristia, Vino Ecclesia de indústrias Pomar, "não pode garantir a produção constante e distribuição regular pela falta de alguns insumos para engarrafar dito produto".

Além disso, os Bispos assinalaram "a dificuldade da obtenção de divisas por parte dos agentes importadores para poder trazer vinho de missa de outros países".

Ante a difícil situação, a Comissão de Liturgia recomendou a todos os Bispos da Venezuela que "sendo impossível a obtenção do vinho para missa certificado por outra Conferência Episcopal, use-se um vinho que seja o mais puro e natural possível".

Em declarações ao Grupo Aci, Macky Arenas explicou que a comunicação dos Bispos se deve "a iminente falta do vinho" de Missa no país.

A diretora do RCL assinalou que "o problema se origina na escassez de matéria prima". "Este não é um país destacado pela produção de vinhos e a única indústria nacional informou (aos Bispos) que não poderá produzir o necessário", assinalou, pois a esta empresa falta o dinheiro "para importar o que requerem".

Arenas advertiu que "Fedecámaras (o principal organismo representante dos fatores de produção no país) advertiu que a situação se agravará e não se vê solução a curto prazo".

A escassez de insumos chegou a um ponto, assinalou, que o próprio presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, "reconheceu no Uruguai a grave escassez, a mesma que todos os venezuelanos sentem ao fazer compras todos os dias".

"É claro que se trata de um tema de políticas do governo com as divisas e de opção pela importação arrebentando o aparelho produtivo. Mas é simplesmente isso: como o dinheiro vai embora em corrupção, também falha a importação. Isto está configurando um panorama explosivo na Venezuela".

A diretora de Reporte Católico Laico assinalou que "os Bispos não estão nem sequer questionando, mas evidenciando um problema e adiantando-se às consequências assinalando alternativas".

"A coisa é simples: faltará o Vinho Ecclesia e nos dizem quais podemos usar. E te advirto: faltará o trigo para hóstias. Esse é um problema maior, assim provavelmente comungaremos com rodinhas de milho, que é o que mais se produz aqui", advertiu, adicionando que "até isso faltava ontem", pois "estavam racionando a farinha de milho pré-cozida".

Arenas criticou que "assim estamos por aqui, na Venezuela petroleira".

Os fatores críticos desta escassez generalizada que vive o país, advertiu a jornalista católica, são a falta de dinheiro, o acosso aos fatores de produção, entre eles a "hostilidade para as empresas tradicionais no país a fim de fazê-las vender, fechar ou partir, e uma política de importações "afetada em sua eficiência pela corrupção que reina na administração governamental".