Na primeira audiência geral do seu pontificado celebrada na Praça de São Pedro que estava repleta de fiéis, o Papa Francisco refletiu sobre o que significa viver a Semana Santa para os católicos e alentou seguir Jesus neste caminho, saindo de nós mesmos ao encontro dos outros que também necessitam dele.

Como no domingo de Ramos o Santo Padre ressaltou a necessidade de sair de nós mesmos para ir às "periferias da existência", aos irmãos e irmãs mais necessitados de consolo e ajuda.

"Mas o que significa viver a Semana Santa para nós? O que significa seguir Jesus em seu caminho no Calvário para a Cruz e a ressurreição?" perguntou-se o Papa. "Significa viver como Cristo, como faz um bom pai e uma boa mãe para cada um de seus filhos. Deus não esperou que fôssemos a Ele, mas foi Ele que se moveu para nós, sem cálculos, sem medidas. Deus é assim: Ele dá sempre o primeiro passo, Ele se move para nós".

"Significa sair de nós mesmos para ir ao encontro dos outros, para ir para as periferias da existência, mover-nos primeiro para os nossos irmãos e irmãs, sobretudo aqueles mais distantes, aqueles que são esquecidos, aqueles que têm mais necessidade de compreensão, de consolação, de ajuda. Viver este tempo significa também entrar cada vez mais na lógica de Deus, da Cruz e do Evangelho".

Cristo sofreu inclusive "a traição de um amigo", mas continua "no meio de nós". "Jesus não tem casa, porque sua casa é o povo, somos nós".

Na Semana Santa, "vivemos o ápice deste momento, deste plano de amor que percorre toda a história da relação entre Deus e a humanidade. Cada um de nós pode dizer: amou-me e entregou a si mesmo por mim", enfatizou o Pontífice.

Viver a Semana Santa é "entrar na dinâmica da cruz e do amor", na lógica do Evangelho.

O Pontífice exortou a não viver a fé de uma "forma rotineira e cansada" e recordou que "a misericórdia de Deus salva e dá a esperança".

"Alguém poderia dizer-me: ‘não tenho tempo e sou pecador’. E me conformo com um gesto de caridade e com uma missa dominical distraída, mas ‘não temos a coragem de sair de nós mesmos’".

"Deus pensa sempre com misericórdia. Não se esqueçam disso", disse Francisco. "Deus é o pai que espera o retorno do filho e vai ao seu encontro. Este é nosso Pai misericordioso", assegurou.

"Deus pensa como o samaritano que não passa próximo à vítima olhando por outro lado, mas socorrendo-a sem pedir nada em troca; sem perguntar se era judeu, se era pagão, se era samaritano, se era rico, se era pobre: não pergunta nada. Vai a seu auxílio".

Na Semana Santa, pediu o Papa, "temos que abrir nossas paróquias, movimentos. Que pena tantas paróquias fechadas!"

"Sair sempre com o amor e a ternura de Deus, no respeito e na paciência, sabendo que nós colocamos as nossas mãos, os nossos pés, o nosso coração, mas é Deus quem guia e torna fecundas nossas ações", afirmou.