O Papa Bento XVI dirigiu ontem, 14, uma mensagem aos participantes na sessão do Conselho de governadores do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), que este ano celebra seu 36º aniversário.

O Santo Padre elogia a metodologia seguida pelo FIDA, "que antepõe o desenvolvimento contínuo à mera assistência, une a dimensão do grupo à individual, até prever formas de doações e empréstimos sem juros, escolhendo frequentemente como primeiros destinatários os mais pobres entre os pobres’".

Esta ação mostra que uma lógica inspirada no princípio da gratuidade e a cultura do dom pode "encontrar espaço na atividade econômica ordinária".

"O critério adotado pelo Fundo, de fato, une a eliminação da pobreza não só à luta contra a fome e à garantia da segurança alimentar, mas também à criação de oportunidades de trabalho e de estruturas institucionais e de tomada de decisões. É bem sabido que quando estes fatores não estão presentes, restringe-se a participação dos trabalhadores rurais nas decisões que os afetam e, em consequência, se acentua neles a crença de que estão limitados em suas capacidades e dignidade pessoal."

O Papa assinala que "neste âmbito pode-se apreciar duas diretrizes específicas levadas adiante pela Organização. A primeira é a constante atenção à África, onde, apoiando projetos de ‘crédito rural’, o Fundo tem como objetivo dotar de recursos financeiros exíguos, porém essenciais, os pequenos agricultores, e torná-los protagonistas da fase de tomada de decisões e gestão."

"A segunda diretriz é apoiar às comunidades indígenas, que põem uma especial atenção na preservação da biodiversidade, reconhecidas como bens preciosos que o Criador põe à disposição de toda a família humana. A proteção da identidade desses povos deve continuar, reconhecendo o papel insubstituível no conhecimento dos saberes tradicionais".

Bento XVI disse logo que "a Igreja Católica em seu ensinamento e em suas obras sempre sustentou a centralidade do trabalhador da terra, chamando à ação concreta através da ação política e econômica que a afeta. É uma posição que está em sintonia com o que está realizando o Fundo para qualificar aos agricultores, como indivíduos ou grupos pequenos, fazendo-os protagonistas do desenvolvimento de suas comunidades e países".

"A atenção à pessoa, na dimensão individual e social, será mais eficaz se for realizada através das formas de associações, cooperativas e pequenas empresas familiares que sejam capazes de produzir ganhos suficientes para garantir um nível de vida digno."

O Santo Padre se refere logo ao próximo Ano Internacional que as Nações Unidas decidiram dedicar à família rural, por causa de um conceito profundamente enraizado e saudável do desenvolvimento agrícola e da luta contra a pobreza, centrada nesta célula fundamental da sociedade.

"O FIDA, por experiência, sabe que o coração da ordem social é a família, cuja vida está regulada, inclusive antes das leis de um Estado ou pelas normas internacionais, pelos princípios morais incluídos no patrimônio natural dos valores que são imediatamente reconhecíveis também no mundo rural".

Estes princípios, conclui Bento XVI, "inspiram a conduta do indivíduo, a relação entre os cônjuges e entre as gerações e o sentido de compartilhar. Negar ou ignorar esta realidade equivale a perfurar os alicerces, não só a família, mas também de toda a comunidade rural, com consequências cuja gravidade não é difícil predizer".