Nathalie de Williencourt é uma lésbica francesa e uma das fundadoras de Homovox, uma das maiores associações de gays da França. À diferença do que afirmam certos meios de imprensa, considera que a maioria de homossexuais, incluindo ela mesma, não querem nem o matrimônio nem a adoção de crianças e estão em desacordo com o projeto de lei do presidente François Hollande de legalizar ambas práticas.

Em uma entrevista concedida no dia 11 de janeiro ao site de notícias italiano Tempi.it, Nathalie assinalou que "o casal homossexual é diferente do heterossexual por um mero detalhe: não podemos dar origem à vida".

Williencourt afirmou com claridade: "sou francesa, sou homossexual, a maioria dos homossexuais não querem nem o matrimônio, nem a adoção de crianças, sobre tudo não desejamos ser tratados do mesmo modo que os heterossexuais porque somos diferentes, não queremos igualdade, mas justiça".

A líder gay assinalou ainda que os próprios homossexuais "acreditam que as crianças têm direito a ter um pai e uma mãe, possivelmente biológicos, que possivelmente se amem. Uma criança que nasce do fruto do amor de seu pai e de sua mãe tem o direito de sabê-lo. Se os casais homossexuais adotarem crianças que já estão privadas de seus pais biológicos, então (as crianças) estariam sem um pai e sem uma mãe pela segunda vez".

"Os casais heterossexuais estão esperando anos para poder adotar uma criança, e corre-se o risco que muitos países não permitam mais adoções a cidadãos franceses se esta lei for passada, já que países como a China e outros da Ásia contam com procedimentos que excluem casais do mesmo sexo".

"Isto significaria fazer que a adoção por casais conformados por um homem e uma mulher seja ainda mais difíceis", acrescentou Williencourt.

A porta-voz do Homovox considerou logo que a família, constituída sobre o matrimônio entre um homem e uma mulher, é a base para a paz.

"A paz se constrói na família e para ter paz na família é necessário dar às crianças a imagem mais natural e mais segurança infunde para crescer e chegar a ser grande. Quer dizer, a composição clássica de homem e mulher".

Williencourt denunciou logo que "na França nos censuram (Homovox.com). Escuta-se sempre o lobby dos ativistas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) que sempre falam nos meios, mas a maior parte dos homossexuais estão irritados pelo fato de que esta organização faz lobby em nosso nome. Nós não votamos por eles para que nos representem".

Nathalie explicou que os membros do lobby gay já têm uma ferida em relação à sua própria homossexualidade "porque não a aceitam, reivindicam ser como os heterossexuais. Em vez disso nosso movimento reivindica que os homossexuais sejam tratados de modo distinto que os heterossexuais porque somos diferentes".

"Não podemos pedir igualdade para situações que são diferentes. Não é a igualdade o que é importante, mas a justiça. É uma desigualdade justa e uma igualdade injusta", precisou.

Sobre sua oposição e a de toda sua associação ao projeto de lei impulsionado pelo presidente Hollande, Nathalie Williencourt disse que "eu e meus amigos gays não podemos ser acusados de homofobia, por não permitir a lei".

O que solicitam, explicou, é "um diálogo entre Hollande e o povo, porque ele tinha prometido que não ia aprovar uma lei à força se os franceses não estavam de acordo. Esperemos que se abra o diálogo com os Estados Gerais sobre o matrimônio e um referendum para consultar todos os cidadãos deste tema".

Homovox é a associação que reúne a maioria de homossexuais na França. A associação foi uma das organizações gays que marcharam pelas ruas de Paris no dia 13 de janeiro junto a mais de um milhão de pessoas em defesa do autêntico matrimônio.