O Pe. Emmanuel Yousaf, Diretor da Comissão Justiça e Paz da Conferência Episcopal do Paquistão, expressou a satisfação da comunidade cristã ao ficar comprovado que a acusação de blasfêmia contra a menina Rimsha Masih era falsa, e assinalou que isto também mostra que esta lei se converteu em uma ferramenta de abusos.

Na semana passada a polícia do Paquistão deteve ao imã Khalid Jadoon após a declaração de uma testemunha de que ele foi o líder islâmico que colocou as páginas queimadas com textos do Corão na bolsa da menina cristã, para que ela fosse acusada de blasfêmia.

"Comprovar a verdade do caso de Rimsha Masih, e das acusações falsas, é uma conquista não somente para a comunidade cristã, mas também para todo o Paquistão: será um benefício para a democracia, para a justiça, para o respeito da legalidade e dos direitos de todos os cidadãos", expressou o Pe. Yousaf à agência Fides.

O sacerdote recordou que já faz tempo que os bispos, as minorias religiosas e os defensores dos direitos humanos denunciam que a lei da blasfêmia se dispõe a abusos inclusive contra os próprios muçulmanos. "Agora, esta tergiversação é evidente para todos", assinalou.

Do mesmo modo, relatou que "não houve manifestações dos radicais islâmicos contra Rimsha ou em defesa do imã detido. Ao contrário, importantes líderes islâmicos, como Tahir Ashrafi, do ‘All Pakistan Ulema Council’, defenderam a Rimsha e denunciaram os abusos da lei sobre a blasfêmia, condenando publicamente ao imã e pedindo que seja castigado". Além disso, o muftí Naeem da mesquita Jamea Bin Nooria de Karachi expressou a disponibilidade a "acolher e ajudar a Rimsha e sua família", como gesto de solidariedade inter-religiosa.

O julgamento

Com respeito ao processo judicial, o sacerdote informou que o Tribunal de Islamabad postergou a audiência para o dia 7 de setembro. "Estamos convencidos de que na sexta-feira Rimsha será solta. Sua posta em liberdade será uma vitória da verdade, mas será também uma vitória para toda a nação. O caso de Rimsha se converterá em um caso exemplar", afirmou.

Por sua parte, o advogado católico Kahalil Tahir Sindhu disse à Fides que pediu aos 17 juízes da Corte Suprema do Paquistão emitir um pronunciamento "suo moto" (de própria iniciativa), que resuma os pontos mais importantes do caso e lhe dê um relevo nacional, jurídico e cultural ao caso da Rimsha, e assim seja uma admoestação para todos.