O Conselho de Supervisão do Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido como o Banco do Vaticano, destituiu o presidente desta instituição, o economista italiano Ettore Gotti Tedeschi.

Um comunicado divulgado nesta sexta-feira 25, assinala que o Conselho de Supervisão do IOR tratou ontem o tema do governo deste organismo: "com o passar do tempo, esta questão despertou uma progressiva preocupação no Conselho e, apesar das repetidas comunicações em tal sentido ao professor Gotti Tedeschi, Presidente do IOR, a situação se deteriorou ulteriormente".

"Depois de uma deliberação, o Conselho adotou por unanimidade uma moção de censura ao Presidente, por não ter desempenhado várias funções de importância primordial para seu cargo", acrescenta o texto difundido pelo Escritório de Imprensa da Santa Sé.

O comunicado não precisa as razões da destituição.

Após conhecer a decisão do Conselho, Gotti Tedeschi disse na sexta-feira à agência italiana ANSA : "estou entre a ansiedade de explicar a verdade e não querer incomodar ao Santo Padre".

"Meu amor pelo Papa prevalece inclusive sobre a defesa de minha reputação que foi posta em questão", acrescentou.

Gotti Tedeschi foi presidente do IOR de 2009 a 2012. Sua nomeação foi vista como um esforço do Vaticano para ser cada vez mais transparente quanto às operações financeiras de acordo aos padrões internacionais.

Em julho do ano passado, o Conselho da Europa teve que decidir se o Vaticano devia ser considerado como uma organização membro da "Lista Branca" de países que se aderem estritamente a seu código de ética financeira.

Os esforços por entrar nesta lista se viram afetados quando em 2010 as autoridades italianas congelaram temporalmente 23 milhões de euros do IOR, alegando que este não havia cumprido com as leis italianas de informação sobre estas movimentações.

Em resposta, o Papa Bento XVI decidiu criar a Autoridade de Informação Financeira (AIF), uma entidade autônoma que fiscaliza todas as finanças vaticanas, incluindo as operações do IOR.

Recentemente, a imprensa italiana denunciou alguns aspectos da administração das finanças vaticanas consideradas como má gerência da parte do Vaticano.

Gotti Tedeschi, de 67 anos de idade, tem uma longa carreira como economista. Ele foi, por exemplo, encarregado das operações italianas do Banco Santander, o maior banco privado da Europa. Também foi professor de ética financeira na Universidade Católica do Sagrado Coração em Milão.

O comunicado do Conselho Supervisor do IOR assinala que agora inicia um "processo de busca de um novo e excelente Presidente, que ajudará o Instituto a restabelecer relações amplas e eficazes entre o Instituto e a comunidade financeira, apoiadas no mútuo respeito dos padrões bancários internacionalmente aceitos".

O processo começa hoje com a reunião da Comissão de Cardeais. Enquanto isso, a presidência será assumida pelo vice-presidente do IOR, Ronaldo Hermann Schmitz.