Enquanto a onda de rumores internos em Cuba segue comentando que Fidel Castro pediria ser readmitido à Igreja católica e que o presidente venezuelano Hugo Chávez pediria uma bênção especial do Papa Bento XVI durante sua visita a Cuba onde se encontra recebendo seu tratamento oncológico; a imprensa oficial cubana destacou antes da chegada do Pontífice, as supostas coincidências entre a fé católica e a revolução.

O jornal "Trabajadores", que se descreve como "órgão oficial" da Central de Trabalhadores de Cuba, publicou nesta segunda-feira uma nota titulada "Fidel e a Religião: uma conversa transcendente", na que assinala que "o dogma dos reacionários sobre a impossibilidade de entendimento entre cristãos e comunistas vão por água abaixo" quando se revisam passagens do livro "Fidel e a Religião", que o teólogo da libertação brasileiro Alberto Libanio, mais conhecido como "Frei Betto", publicou em 1986.

O artigo recolhe o argumento apresentado por Fidel no livro, segundo o qual o comunismo não promove o ódio aos seres humanos e sim às injustiças e aos sistemas. Também recorda as palavras que Castro escreveu em uma dedicatória a Frei Betto: "Ainda não conseguiu, mas se alguém pode fazer de mim um crente este é Frei Betto".

"Trabajadores" publica ademais, junto ao extenso artigo sobre "Fidel e a Religião", uma entrevista de duas perguntas com a poetisa Fina García Marruz, de 89 anos, que declara que em sua vida pessoal “não tive que conciliar nada, como militante revolucionária e crente, pois se trata de uma Revolução justa e uma religião que quer o melhor… ambas, embora diferentes, aspiram a um bem comum".

Tanto fontes da Igreja como do governo negaram enfaticamente que Fidel Castro tenha alguma intenção especial para o seu encontro com o Papa Bento, "além de um mero encontro de cortesia"; por outro lado, já no domingo o Pe. Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, havia assinalado que "até o momento", não havia nenhum plano de um encontro do Papa Bento com Hugo Chávez.

A onda de rumores, entretanto, cresce com o acesso de alguns cubanos às redes sociais, que seguem insistindo que ambas histórias são verazes.