Um estudo do Instituto Cultura e Sociedade (ICS) da Universidade de Navarra revelou que ao usar a "média de idade de início das relações sexuais" como base para os programas de saúde e educação sexual de menores, difunde-se uma idéia equivocada porque a grande maioria de jovens não são sexualmente ativos e o que necessitam são programas a favor da abstinência.

A equipe de peritos do projeto Educação da Afetividade e Sexualidade Humana do ICS liderado por Jokin de Irala, vice decano da Faculdade de Medicina, publicou o estudo "Média de idade de início das relações sexuais: Sabem o que queremos dizer?" no qual analisam os dados de 7 011 jovens de El Salvador, Peru e Espanha.

O estudo, publicado na revista médica Archives of Sexual Behaviour, explica que pode resultar confuso utilizar a "média de idade de início das relações sexuais" entre os jovens porque esta costuma ser calculada tendo em conta somente a aqueles que já tiveram relações sexuais.

Desta maneira, na Espanha a média de idade de início de relações sexuais seria 16 anos, mas apenas 22 por cento dos jovens começa a ter uma vida sexual ativa nessa idade. Em El Salvador a média é de 15 anos, mas isto só corresponde a 21 por cento dos jovens e no Peru a média é de 14 anos mas apenas 10 por cento dos jovens começam a ter vida sexual nesta idade de acordo ao estudo espanhol.

"Diversas investigações e estudos costumam empregar a média de idade do início das relações sexuais quando é reportada a atividade sexual juvenil. Esses dados podem ser interpretados como que a maioria dos jovens dessa idade já são sexualmente ativos, o qual resulta incerto", explica da Irala.

O líder do estudo acrescenta que "a média de idade de início de relações sexuais obtida por estudos epidemiológicos publicados sobre sexualidade, é habitualmente transmitida pelos meios de comunicação de uma maneira que não necessariamente reflete os matizes subjacentes nestes dados" e tanto a população como os mesmos jovens podem gerar uma idéia equivocada.

Em declarações à agência ACI Prensa em espanhol, Da Irala explicou que "o problema é que se a média der uma idéia de que a maioria é sexualmente ativa, a política se dirige aos que são sexualmente ativos –oferecendo camisinhas por exemplo- esquecendo-se de que na verdade a maioria não é sexualmente ativa e portanto as políticas deveriam ser mais pró-abstinência, dirigido a essa maioria que não é sexualmente ativa".

Do mesmo modo, considera que o beneficiado com esta aproximação confusa sobre o início das relações sexuais é "o comércio em torno da sexualização da juventude" como a venda de camisinhas e "todos os que por ideologia preferem uma juventude sexualmente ativa".

O perito acredita que "ninguém havia assinalado antes que nós que a média pode dar este efeito de interpretação incorreta de dados. Acredito que há boa fé em sua utilização atual, mas espero que nosso estudo mude as coisas".

"O que deve ser difundido hoje é que o uso da média não é adequado para oferecer o dado sobre sexualidade juvenil e os meios deveriam rechaçar este dado por não ser a melhor maneira de medir a iniciação sexual nos jovens", indicou.

Para ler o estudo (em espanhol) viste: http://www.unav.es/centro/afectividad-sexualidad/files/file/Arch%20Sex%20Behav_spanish.pdf