Dom António Marto inaugurou hoje, 24 de junho, em Fátima o simpósio «Adorar Deus em espírito e verdade» e afirmou que este Santuário Mariano tem a missão de responder à crise de Deus na cultura ocidental. O bispo fazendo eco das palavras do Papa afirmou que “onde Deus desaparece do horizonte da vida, o homem cai na escravidão da idolatria”.

Com cerca de 400 participantes, este simpósio nacional decorre na Capela da Morte de Jesus, na Igreja da Santíssima Trindade e pretende, nas palavras do reitor do Santuário de Fátima, Padre Carlos Cabecinhas, “aprofundar o específico da adoração cristã, que é sempre a adoração à Santíssima Trindade e adoração em espírito e verdade”.

“Julgo que a mensagem de Fátima nos pode ajudar a descobrir a adoração como horizonte bem mais vasto da nossa vivência cristã, não desvalorizando em nada a importância da adoração eucarística”, afirmou o Padre Carlos Cabecinhas.

Por seu lado o bispo de Leiria-Fátima, no mesmo momento de abertura do simpósio, lembrou o grande desafio para a pastoral de Fátima, como resposta à crise de Deus na cultura ocidental.

 “O desafio é pois ajudar a descobrir a beleza, o encanto e o gosto de Deus, no seu amor trinitário universal, que foram dados a conhecer e experimentar, por graça extraordinária, aos pastorinhos e que constituíam o cerne da sua adoração e os abriu à universalidade do amor”.

“Hoje, o apelo de Fátima chama-nos a proclamar e a aprofundar o Primado de Deus diante da cultura pós-moderna nas diversas formas de niilismo, de ateísmo prático, de indiferença religiosa de muitos que vivem como se Deus não existisse, de eclipse cultural do sentido da presença de Deus, isto é, de quem pensa e sente um Deus distante que não se interessa pessoalmente por nós nem suscita em nós algum interesse por Ele”, destacou D. António Marto.

O alerta do prelado foi contundente, ecoando o que o Papa afirmou na sua catequese do dia 15 de junho: “Onde Deus desaparece do horizonte da vida, o homem cai na escravidão da idolatria, dos ídolos fabricados por cada um ou pela cultura dominante que vêm ocupar o lugar próprio de Deus como mostraram os regimes totalitários e como mostram as várias formas de niilismo, hedonismo e relativismo atuais”.

A razão do simpósio, como resposta a este alerta e tendo em vista “a transmissão da fé cristã hoje e também para a pastoral e a espiritualidade de Fátima”, sublinhou D. António Marto, é “dizer Deus hoje na cultura contemporânea, suscitar adoradores em espírito e verdade, sobretudo através da via da beleza, da sabedoria, da experiência mística quotidiana, do diálogo da fé com a razão como possibilidade de abrir novas vias de acesso de Deus ao coração do homem e de acesso do homem ao coração de Deus”.