Em seu discurso de hoje aos participantes da assembléia plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos que cumpre 50 anos de criação, que esteve dedicada ao tema: "Para uma nova etapa do diálogo ecumênico", o Papa Bento XVI assinalou que "a unidade dos cristãos é e segue sendo a oração, vive da oração".

Em seu discurso e depois de recordar a criação deste dicastério por parte do Papa João XXIII, Bento XVI assinalou que "nestes cinqüenta anos se chegou a um conhecimento mais verdadeiro e a uma estima maior das Igrejas e as Comunidades eclesiásticas".

Este processo, disse, deu-se "superando preconceitos sedimentados pela história; cresceu-se no diálogo teológico, mas também no da caridade; desenvolveram-se várias formas de colaboração entre as quais, além da defesa da vida, a da proteção da criação e a luta contra a injustiça; também foi importante e frutífera a relativa às traduções ecumênicas das Sagradas Escrituras".

O Papa falou depois do Harvest Project, uma iniciativa deste dicastério para traçar um primeiro balanço dos resultados conseguidos e que "pôs que relevo tanto os âmbitos de convergência, como aqueles nos quais é necessário continuar aprofundando a reflexão".

Neste contexto, o Papa convidou os membros do Pontifício Conselho a continuar sua tarefa "para promover uma recepção adequada dos resultados alcançados e divulgar com exatidão qual é a situação atual da investigação teológica ao serviço do caminho para a unidade".

"Hoje alguns pensam que esse caminho, sobre tudo no Ocidente, perdeu seu impulso; adverte-se, portanto, a necessidade de reavivar o interesse ecumênico e fazer mais incisivo o diálogo", confrontando provocações como "as novas interpretações antropológicas e éticas, a formação ecumênica das novas gerações e a ulterior fragmentação do cenário ecumênico".

Bento XVI afirmou que "com as Igrejas ortodoxas e as antigas Igrejas orientais, com as que existem ‘vínculos muito estreitos’, a Igreja Católica continua o diálogo com paixão, buscando aprofundar de uma maneira séria e rigorosa no patrimônio comum teológico, litúrgico, e espiritual, e de enfrentar com serenidade e empenho os elementos que ainda nos separam".

"Com os ortodoxos, chegou-se a tocar um ponto chave de discussão e reflexão: o papel do Bispo de Roma na comunhão da Igreja. E a questão eclesiológica é também o centro do diálogo com as antigas Igrejas orientais: apesar de muitos séculos de incompreensão e de distância, constatou-se com alegria que se conserva um precioso patrimônio comum", prosseguiu.

"Apesar da existência de novas situações problemáticas ou de pontos difíceis para o diálogo, a meta do caminho ecumênico não mudou, assim como o firme compromisso em sua consecução. Entretanto, não se trata de um compromisso segundo categorias, por dizer assim, políticas, nas que entram em jogo a habilidade para negociar ou a maior capacidade de chegar a compromissos, de modo que se poderia esperar, como bons mediadores, que depois de um certo tempo, chegue-se a acordos aceitáveis para todos".

O Papa Bento XVI ressaltou que "a atividade ecumênica tem um duplo movimento. Por um lado, a investigação convencida, apaixonada e tenaz para encontrar toda a unidade na verdade, para desenhar modelos de unidade, para iluminar oposições e pontos escuros com o fim de obter a unidade. E isto no necessário diálogo teológico, mas sobre tudo na oração e na penitência, naquele ecumenismo espiritual que é o coração de todo o caminho: a unidade dos cristãos é e segue sendo a oração, vive da oração".

Por outra parte, continuou o Santo Padre, "outro movimento operativo, que surge da firme conscientização de que não sabemos a hora da realização da unidade entre todos os discípulos de Cristo e não a podemos conhecer, porque a unidade não a ‘fazemos nós’ mas Deus: vem do alto; é participar da unidade divina. E isto não deve fazer diminuir nosso compromisso, mas devemos nos preparar cada vez melhor para perceber os sinais e os tempos do Senhor, sabendo reconhecer com gratidão o que já nos une e trabalhando para que se consolide e cresça".

"Ao final, também no caminho ecumênico, trata-se de deixar a Deus o que é unicamente dele, e de explorar com seriedade, perseverança e dedicação o que é nossa tarefa, tendo em conta que ao nosso compromisso pertencem os binômios atuar e sofrer, atividade e paciência, trabalho duro e alegria", concluiu Bento XVI.