A Cáritas Portuguesa alertou este Domingo para o “período negro da crise” que, segundo a organização católica, “ainda não chegou”. No final do Conselho Geral da instituição, reunido em Fátima nos dias 13 e 14 de Novembro, os representantes de dezenove Cáritas diocesanas do país admitem que “o desemprego vai subir e será de longa duração”. Organização católica critica diminuição dos apoios sociais e revela que os atendimentos efetuados aumentaram em 30% ultimamente.

Em nota reproduzida pela agência Ecclesia do episcopado português o Conselho da Cáritas considera que existem “situações na sociedade portuguesa exigentes de profunda reflexão”, como a “escassa penalização dos rendimentos mais elevados, incluindo as pensões de reforma” ou a “diminuição de salários na administração pública”.

O comunicado final do encontro, enviado à Agência Ecclesia, do episcopado lusitano, critica ainda “o notório prejuízo das famílias mais numerosas no que respeita ao abono de família”, “a diminuição de algumas prestações sociais, sem perspectivas da renovação da ação social a favor das pessoas mais carentes”.

“O Conselho Geral da Cáritas recomenda um menor despesismo na sociedade portuguesa e uma luta permanente contra as assimetrias sociais”, indica o documento. A Cáritas assegura que “muitas famílias não conseguem fazer face às despesas, o que torna a crise mais profunda”, admitindo que “uma parte significativa da população caiu no consumismo desenfreado, não alimentou hábitos de poupança e não cooperou civicamente a favor da solidariedade e da superação da crise”.

Aos membros da organização católica, que admite “dificuldades", é pedido um esforço complementar: “Estes agentes sócio-caritativos não devem desistir, mas empenhar-se cada vez mais no serviço da caridade”. “O auxílio destes organismos tem sido uma pedra preciosa às famílias fragilizadas”, ressalta o comunicado final.

A Cáritas destaca o trabalho realizado no “combate ao aumento do número de desempregados, situações de fome, ajuda na compra de medicamentos e no pagamento das rendas habitacionais, e o apoio a imigrantes, toxicodependentes, alcoólicos e idoso”. O documento alerta para o “caráter estrutural” dos problemas econômicos e sociais do país, bem como para a insuficiente impregnação na economia e em toda a sociedade dos “valores e princípios éticos”.

A organização católica indicou que, até o momento, a conta do Fundo Social Solidário, criado pela Conferência Episcopal, tem cerca de 113 mil Euros. Foi anunciado também que a Campanha de Natal da Rádio Renascença (RR) será revertido para este fundo.