Em seu discurso aos prelados do Regional Centro Oeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil em visita ad limina, o Papa Bento XVI explicou a função das conferências episcopais, que não devem ser uma realidade paralela ao governo pastoral de cada bispo nem devem substituir seu ministério.

Ao receber esta manhã a delegação de bispos brasileiros encabeçada pelo Arcebispo de Brasília, Dom João Braz de Aviz, ao final de sua visita ad limina, o Santo Padre se referiu à coincidência entre a data do discurso ao primeiro grupo de bispos em visita Ad Limina iniciada há um ano que foi a festa nacional da independência; e a do último: a proclamação da República no Brasil, e afirmou que aproveitava esse dado para "sublinhar uma vez mais a importância da ação evangelizadora da Igreja na construção da identidade brasileira".

Nesse sentido, há quase 60 anos, a CNBB "um ponto de referência da sociedade brasileira, propondo-se sempre mais e acima de tudo como um lugar onde se vive a caridade", afirmou o Santo Padre.

Seguidamente o Papa comentou que "a vossa, como aliás as demais Conferências Episcopais, nasceu como concreta aplicação do afeto colegial dos Bispos em comunhão hierárquica com o Sucessor de Pedro, para ser um instrumento de comunhão afetiva e efetiva entre todos os membros, e de eficaz colaboração com o Pastor de cada Igreja particular na tríplice função de ensinar, santificar e governar as ovelhas do próprio rebanho ".

A Conferência episcopal, prosseguiu, "a Conferência Episcopal apresenta-se como uma das formas, encontradas sob a guia do Espírito Santo, que consente exercitar conjunta e harmoniosamente algumas funções pastorais para o bem dos fiéis e de todos os cidadãos dum determinado território (cf. Código de Direito Canônico, cân. 447). De fato, uma cooperação sempre mais estreita e concorde com os seus irmãos no ministério ajuda os Bispos a cumprir melhor o seu mandato (cf. Christus Dominus, 37), sem abdicar da responsabilidade primeira de apascentar como pastor próprio, ordinário e imediato sua Igreja particular ".

Portanto, essa instituição "promove a união de esforços e de intenções dos Bispos, tornando-se um instrumento para que possam compartilhar as suas fatigas; deve, porém, evitar de colocar-se como uma realidade paralela ou substitutiva do ministério de cada um dos Bispos, ou seja, não mudando a sua relação com a respectiva Igreja particular e com o Colégio Episcopal, nem constituindo um intermediário entre o Bispo e a Sé de Pedro".

Bento XVI assinalou logo que "quando vos reunis nas vossas Assembléias, queridos Bispos, deveis sobretudo estudar os meios mais eficazes para fazer chegar oportunamente o magistério universal ao povo que vos foi confiado. Essa função doutrinal será desempenhada nos termos indicados por meu venerado predecessor, o Papa João Paulo II, no Motu Próprio “Apostolos suos”, também ao abordar as novas questões emergentes, para depois poder orientar a consciência dos homens para encontrarem a reta solução para os novos problemas suscitados pelas transformações sociais e culturais".

Em particular, precisou o Papa, alguns problemas de hoje recomendam "uma ação conjunta dos Bispos: a promoção e a tutela da fé e da moral, a tradução dos livros litúrgicos, a promoção e formação das vocações de especial consagração, elaboração de subsídios para a catequese, o compromisso ecumênico, as relações com as autoridades civis, a defesa da vida humana, desde a concepção até a morte natural, a santidade da família e do matrimônio entre homem e mulher, o direito dos pais a educar seus filhos, a liberdade religiosa, os outros direitos humanos, a paz e a justiça social".

Bento XVI concluiu seu discurso assinalando que "os assessores e as estruturas da Conferência Episcopal existem para o serviço aos Bispos, não para substituí-los. Trata-se, em definitiva, de buscar que a Conferência Episcopal, com seus organismos, funcione sempre mais como órgão propulsor da solicitude pastoral dos Bispos, cuja preocupação primária deve ser a salvação das almas, que é, aliás, a missão fundamental da Igreja".