O Observador Permanente da Santa Sede ante as Nações Unidas, Dom Celestino Migliore, em sua intervenção de ontem na 64º Assembléia Geral deste organismo, ressaltou que este organismo "progredirá na formação de uma verdadeira família de nações à medida que assuma a verdade da inevitável interdependência entre os povos e de que se ata à verdade sobre a pessoa humana".

O Arcebispo disse além que é necessário "legitimar os compromissos políticos adquiridos, confrontando-os com o pensamento e as necessidades da comunidade internacional inteira para que as soluções tomadas reflitam os pontos de vista e as expectativas dos povos de todos os continentes".

"Quanto mais aumenta a interdependência dos povos mais se faz patente a necessidade das Nações Unidas" como "organização capaz de responder aos obstáculos e a crescente complexidade das relações entre os povos e as nações".

Ao falar do verdadeiro desenvolvimento, o Prelado vaticano indicou que este "implica necessariamente o respeito integral da vida humana, que não se pode desligar do desenvolvimento dos povos".

"Infelizmente em algumas partes do mundo, as ajudas ao desenvolvimento parecem estar ligadas à disponibilidade dos países receptores para aceitar programas que desincentivam o crescimento demográfico de algumas populações mediante métodos que não respeitam a dignidade e os direitos humanos", denunciou.

Essa praxe, continuou, "não é de reciprocidade mas sim de imposição e sustentar a decisão de subministrar ajudas ao desenvolvimento em troca da aceitação de políticas desse tipo é um abuso de poder".

Abordando a questão da "responsabilidade de proteger", formulada na Cúpula Mundial de 2005, o Arcebispo assinalou que o reconhecimento "da dignidade de todo homem e mulher requer que os estados utilizem todos os meios ao seu dispor para evitar e combater os crimes de genocídio, limpeza étnica e qualquer outro crime contra a humanidade".