O Presidente da Banca Ética (Itália), Fabio Salviato, assinalou que a nova encíclica social do Papa Bento XVI, Caritas in veritate, é uma bússola para redefinir o sistema econômico mundial.

Em entrevista concedida a Rádio Vaticano, este perito italiano de 51 anos autor do livro "Última Geração: Por volta de um 2020 ético e solidário" assinala que a Caritas in veritate "representa uma bússola que nos pode iluminar nesta fase de individualização de um novo sistema econômico e financeiro".

Salviato explica logo que a encíclica destaca três "pilares fundamentais nos quais deve estar apoiado um novo sistema econômico e financeiro: Estado-mercado-sociedade civil. É uma reclamação à sociedade civil para que represente verdadeiramente um setor novo, inovador; mas com o fim de que o variado mundo da sociedade civil promova a difusão, a comunicação, o 'contágio' dos elementos valorativos que representa".

Ao comentar a necessidade de aplicar a ética à pessoa humana, o perito italiano indica que com a Caritas in veritate "a grande novidade é que se pede uma mudança cultural baseada na centralidade da pessoa. Então, através da resposta às necessidades da pessoa, a luta contra a pobreza, o respeito ao meio ambiente, se encaminha a uma re-definição do sistema econômico financista".

"Acredito –prossegue– que o Santo Padre nos ofereceu verdadeiramente não só uma luz mas um grande presente, uma bússola para os operadores econômicos; mas não só a eles mas também aos que têm a responsabilidade no mundo da política, das finanças, da sociedade civil. Representa um ponto de referência central e de indicações, quer dizer, quase de caráter técnico sobre como se deve construir, ou reconstruir, logo depois desta crise, depois destas dificuldades, o novo sistema".

A Caritas in veritate, conclui Salviato, é um "documento de referência para os que crêem, mas também para os que não crêem: uma chamada à unidade, para interrogar-se, para definir qual é a situação atual de um sistema que luta pela maximização do aproveitamento e que deve inserir-se ao interior dos critérios de ética, em todo o sistema econômico-financista".