Durante a multitudinária Missa de Ação de Graças pela beatificação de 498 mártires espanhóis celebrada nesta segunda-feira, o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, assinalou que os mártires morreram por amor a Cristo e não por razões políticas.

"Os mártires não foram propostos ao povo de Deus por sua implicação política, nem por lutar contra ninguém, mas sim por oferecer sua vidas como testemunho de amor a Cristo e com a plena consciência de sentirem-se membros da Igreja", explicou o Cardeal Bertone.

"Sua morte –continuou– constitui para todos um importante incentivo que nos estimula a superar divisões, a revitalizar nosso compromisso eclesiástico e social, procurando sempre o bem comum, a concórdia e a paz".

O Secretário de Estado explicou em seguida o conceito católico do martírio: "ao unir seu sangue ao de Cristo sacrificado na cruz, a imolação do mártir se transforma em oferenda ante o trono de Deus, implorando clemência e misericórdia para seus perseguidores".

"Todo martírio acontece certamente em circunstâncias históricas, mas em meio desse drama, o mártir sabe transcender o momento histórico concreto e contempla seus semelhantes desde o coração de Deus".

"Deus queira que esta beatificação suscite na Espanha um forte chamado a reavivar a fé cristã e intensificar a comunhão eclesial e sirva também para que surjam numerosas e santas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada", concluiu o Cardeal Bertone.

A Missa, celebrada na Basílica de São Pedro com a participação de milhares de peregrinos espanhóis, deu início nesta segunda-feira com as palavras de bem-vinda do Arcebispo de Toledo e Primaz da Espanha, Cardeal Antonio Cañizares, quem destacou que os mártires "constituem um chamado premente à unidade, à paz, ao reconhecimento e respeito a cada ser humano, ao diálogo, à mão tendida, ao perdão e à reconciliação entre todos".