Hoje é celebrado Santo Alberto Magno, o “grande doutor” por um acordo com a Virgem
REDAÇÃO CENTRAL, 15/11/2020 (ACI).- Neste dia 15 de novembro, celebra-se Santo Alberto Magno, Doutor da Igreja e padroeiro dos estudantes de ciências naturais. Era considerado um grande especialista, mas a sua memória prodigiosa e seu notável espírito científico se devem a um acordo com a Virgem Maria.
Santo Alberto nasceu em Lauingen (Alemanha), por volta de 1206. Aos 16 anos, começou a estudar na Universidade de Pádua (Itália), onde conheceu o Beato Jordão da Saxônia, da Ordem de São Domingos, que o acompanhou em seu processo para ingressar nos dominicanos. Mais tarde, ocupou altos cargos como professor na Alemanha.
Em Paris, centro intelectual da Europa Ocidental naquela época, obteve o grau de professor e, diz-se que eram tantos os estudantes que frequentam suas aulas, que teve que ensinar em praça pública. Este lugar leva o seu nome, é a Praça “Maubert”, que vem de “Magnus Albert”.
Foi eleito superior provincial da Alemanha e, posteriormente, nomeado reitor de uma nova universidade em Colônia, onde teve como discípulo outro grande nome da Igreja, Santo Tomás de Aquino.
Foi uma grande autoridade em filosofia, física, geografia, astronomia, mineralogia, alquimia (química), biologia etc., assim como no que diz respeito à Bíblia e à Teologia. É o iniciador do sistema escolástico. No entanto, mantinha-se humilde e nunca deixou a oração e os sacramentos.
Em Roma, chegou a ser teólogo e canonista pessoal do Papa. Depois, foi ordenado Bispo de Regensburg, serviço ao qual renunciou tempos depois para se dedicar a formar e ensinar. Em 1274, participou ativamente no II Concílio de Lyon.
Até então, não cabia dúvida de que se tratava de um intelectual fora do comum. Porém, em 1278, enquanto dava aulas, subitamente sua memória falhou e perdeu a agudeza do entendimento. Então, compreendeu que seu fim estava chegando.
Santo Alberto contou que, quando era jovem, os estudos eram difíceis para ele e, certa noite, tentou fugir do colégio onde estudava. Quando chegou ao topo de uma escada encostada na parede, encontrou a Virgem Maria.
“Alberto, por que em vez de fugir do colégio não reza para mim, que sou ‘Casa da Sabedoria’? Se tem fé em mim e confiança, eu te darei uma memória prodigiosa”, disse-lhe a Mãe de Deus.
“E para que saiba que fui eu que te concedi, quando for morrer, esquecerá tudo o que sabia”, acrescentou a Virgem. Isto se cumpriu. Dois anos mais tarde, o santo partiu para o Céu muito pacificamente, sem doenças e enquanto conversava com seus irmãos em Colônia.
“Santo Alberto Magno – disse o Papa Bento XVI em 2010 – recorda-nos que entre ciência e fé existe amizade, e que os homens de ciência podem percorrer, através da sua vocação para o estudo da natureza, um autêntico e fascinante percurso de santidade”.
Homilia do Papa Francisco na Missa pelo Dia Mundial dos Pobres
Vaticano, 15/11/2020 (ACI).- O Papa Francisco presidiu neste domingo, 15 de novembro, a Missa no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro, no Vaticano, por ocasião do IV Dia Mundial dos Pobres.
O Pontífice esteve acompanhado por uma pequena representação de pessoas pobres e sem-teto, junto com voluntários que os acompanham e representantes das organizações caritativas que lhes oferecem assistência diariamente.
A seguir, o texto completo da homilia do Papa Francisco:
A parábola que ouvimos apresenta um início, um centro e um fim, que iluminam o início, o centro e o fim da nossa vida.
O início. Tudo parte de um bem avultado: o dono não guarda as suas riquezas para si, mas entrega-as aos servos: a um cinco talentos, a outro dois, e ao terceiro um, «a cada qual conforme a sua capacidade» (Mt 25, 15). Calcula-se que um único talento equivalia aproximadamente ao salário de vinte anos de trabalho: era um bem superabundante, que então dava para uma vida inteira. Aqui está o início: também conosco tudo começou com a graça de Deus – tudo, sempre, começa com a graça de Deus, não com as nossas forças – com a graça de Deus, que é Pai e colocou um bem tão grande nas nossas mãos, confiando a cada um talentos diversos. Somos portadores duma grande riqueza, que não depende da quantidade de coisas que temos, mas daquilo que somos: a vida recebida, o bem que há em nós, a beleza intangível com que Deus nos dotou. Feitos à imagem d’Ele, cada um de nós é precioso a seus olhos, cada um de nós é único e insubstituível na história! É assim que Deus nos vê, é assim que Deus nos sente.
Como é importante lembrarmo-nos disto! Muitas vezes, olhando para a nossa vida, vemos só o que nos falta e lamentamo-nos daquilo que nos falta. Então cedemos à tentação do «quem dera…»: quem dera que eu tivesse aquele emprego, quem dera que eu tivesse aquela casa, quem dera que eu tivesse dinheiro e sucesso, quem dera que eu não tivesse tal problema, quem dera que eu tivesse pessoas melhores ao meu redor! Mas a ilusão do «quem dera» impede-nos de ver o bem e faz-nos esquecer os talentos que possuímos. É verdade que tu não tens aquilo, mas tens isto, e o «quem dera» faz com que nos esqueçamos disto. Mas Deus confiou-no-los, porque conhece cada um de nós e sabe aquilo de que somos capazes; confia em nós, apesar das nossas fragilidades. Confia até naquele servo que esconderá o talento: Deus espera que também ele, não obstante os seus medos, utilize bem aquilo que recebeu. Em suma, o Senhor pede que nos empenhemos no tempo presente sem nostalgia do passado, mas na diligente expetativa do seu regresso. Sem aquela nostalgia ruim, que é como o humor amarelo, o humor negro que envenena a alma, fazendo-a olhar sempre para trás, sempre para os outros, e nunca para as próprias mãos, para as possibilidades de trabalho que o Senhor nos deu, para as nossas condições, inclusive para as nossas pobrezas.
Chegamos assim ao centro da parábola: a atividade dos servos, isto é, o serviço. E serviço é também a nossa atividade, aquilo que faz frutificar os talentos e dá sentido à vida: de facto, quem não vive para servir, não serve para viver. Devemos repetir isto e repeti-lo muito: quem não vive para servir, não serve para viver. Devemos meditar nisto: quem não vive para servir, não serve para viver. Mas qual é o estilo do serviço? Servos bons, no Evangelho, são aqueles que arriscam. Não se mostram exageradamente cautelosos e precavidos, não conservam intacto o que receberam, mas usam-no. Com efeito o bem, se não se investir, perde-se, já que a grandeza da nossa vida não depende de quanto amealhamos, mas do fruto que produzimos. Quantas pessoas passam a vida só a acumular, pensando mais em estar bem do que em fazer bem! Como é vazia, porém, uma vida que se preocupa das próprias necessidades, sem olhar para quem tem necessidade! Se temos dons, é para nós sermos dom para os outros. Neste ponto, irmãos e irmãs, perguntemo-nos: preocupo-me só das necessidades, ou sou capaz de olhar para quem tem necessidade? Para quem passa necessidade? A minha mão é assim [mostra-a aberta] ou assim [a mão fechada]?
Note-se que os servos que investem, que arriscam, quatro vezes são chamados «fiéis» (Mt 25, 21.23). Segundo o Evangelho, não há fidelidade sem risco. «Mas, padre, ser cristão significa arriscar?» – «Sim, querido ou querida, arriscar. Se tu não arriscas, acabarás como o terceiro [servo]: enterrando as tuas capacidades, as tuas riquezas espirituais, materiais, tudo». Arriscar: não há fidelidade sem risco. Ser fiel a Deus é gastar a vida, é deixar que os nossos planos acabem transtornados pelo serviço. «Eu tenho este plano, mas se me ponho a servir…» Deixa que fique transtornado o plano; tu, serve. É triste quando um cristão se coloca à defesa, prendendo-se apenas à observância das regras e ao respeito dos mandamentos. Aqueles cristãos «comedidos» que nunca dão um passo fora das regras; nunca, porque têm medo de arriscar. E – permiti-me a imagem – as pessoas que estão de tal modo atentas a si mesmas que nunca arriscam, elas começam na vida um processo de mumificação da alma, e acabam como múmias. Isto não basta! Não basta observar a regras; a fidelidade a Jesus não consiste apenas em não cometer erros; esta é a parte negativa. Assim pensava o servo preguiçoso da parábola: desprovido de iniciativa e criatividade, esconde-se atrás dum medo inútil e enterra o talento recebido. O dono classifica-o de «mau» (25, 26). E, contudo, não fez nada de mal… É verdade! Mas, de bom, também não fez nada. Preferiu pecar por omissão do que correr o risco de errar. Não foi fiel a Deus, que gosta de Se dar; e fez-Lhe a ofensa pior: devolver-Lhe o dom recebido; «deste-me isto, e é isto que eu Te dou». Ao contrário, o Senhor convida a envolver-nos generosamente e a vencer o temor com a coragem do amor, a superar a passividade que se torna cumplicidade. Nestes tempos de incerteza, nestes tempos de fragilidade que correm, não desperdicemos a vida pensando só em nós mesmos, assumindo uma atitude de indiferença. Não nos iludamos dizendo «paz e segurança!» (1 Ts 5, 3). São Paulo convida-nos a olhar a realidade de frente, a não nos deixarmos contagiar pela indiferença.
Então como é servir segundo a vontade de Deus? O dono explica-o ao servo infiel: «Devias ter levado o meu dinheiro aos banqueiros e, no meu regresso, teria levantado o meu dinheiro com juros» (25, 27). No nosso caso, quem são estes «banqueiros» capazes de nos proporcionar juros duradouros? São os pobres. Não o esqueçais: os pobres estão no centro do Evangelho; o Evangelho não se compreende sem os pobres. A personalidade dos pobres é igual à de Jesus que, sendo rico, aniquilou-Se a Si mesmo, fez-Se pobre, fez-Se pecado, a pior pobreza. Os pobres garantem-nos um rendimento eterno e permitem, já agora, enriquecer-nos no amor. Com efeito, a maior pobreza que devemos combater é a nossa pobreza de amor. A maior pobreza que devemos combater é a nossa pobreza de amor. O livro dos Provérbios elogia uma mulher diligente e caritativa, cujo valor é superior ao das pérolas; devemos imitar aquela mulher que, como diz o texto, «abre a mão ao indigente» (Prv 31, 20): esta é a grande riqueza daquela mulher. Em vez de exigir o que te falta, estende a mão a quem passa necessidade: assim multiplicarás os talentos que recebeste.
Aproxima-se o período do Natal, o tempo das festas. E a pergunta que muitas vezes as pessoas se colocam é: «O que posso comprar? Que mais posso ter? Preciso de ir às lojas comprar». Digamos a outra versão: «O que posso dar aos outros?». Para ser como Jesus, que Se deu a Si mesmo e até nasceu naquele presépio.
Chegamos, assim, ao final da parábola: haverá quem tenha em abundância e quem tenha malbaratado a vida ficando pobre (cf. 25, 29). Em suma, no fim da vida, esta desvendar-se-á como é na realidade: declinará a ficção do mundo – segundo a qual o sucesso, o poder e o dinheiro é que dão sentido à existência –, enquanto o amor, aquilo que tivermos dado, surgirá como a verdadeira riqueza. Aquelas coisas declinarão, ao passo que o amor sobressairá. Como escrevia um grande Padre da Igreja, «assim acontece na vida: quando chega a morte, acaba-se o espetáculo; todos tiram a máscara da riqueza e da pobreza ao deixarem este mundo. E são julgados apenas com base nas suas obras, resultando uns realmente ricos, outros pobres» (São João Crisóstomo, Discurso sobre o pobre Lázaro, II, 3). Se não queremos viver pobremente, peçamos a graça de ver Jesus nos pobres, servi-Lo nos pobres.
Quero agradecer a tantos servos fiéis de Deus, que vivem assim, servindo, e de quem não se fala. Penso, por exemplo, no padre Roberto Malgesini. Este padre não fazia teorias; simplesmente, via Jesus no pobre; e o sentido da vida, em servir. Enxugava lágrimas com mansidão, em nome de Deus que consola. O início do seu dia era a oração, para acolher o dom de Deus; o centro do dia, a caridade para fazer frutificar o amor recebido; o final, um claro testemunho do Evangelho. Aquele homem compreendera que devia estender a sua mão aos inúmeros pobres que encontrava diariamente, porque em cada um deles via Jesus. Irmãos e irmãs, peçamos a graça de ser cristãos não em palavras, mas em obras... para dar fruto, como Jesus deseja. Assim seja.
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Papa no Dia Mundial dos Pobres: “Quem não vive para servir, não serve para viver”
Vaticano, 15/11/2020 (ACI).- Diante de cerca de 100 pessoas, entre sem-teto, pobres, voluntários e representantes de associações de caridade, o Papa Francisco presidiu neste domingo, 15 de novembro, a Missa no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro, no Vaticano, por ocasião do Dia Mundial dos Pobres.
Em sua homilia, o Pontífice pediu para valorizar os dons que Deus entregou a cada um, sem lamentar-se pelo que falta, e não desperdiçar a vida “pensando só em nós mesmos”.
Nesse sentido, insistiu que “quem não vive para servir, não serve para viver”, um lema que convidou a repetir e a meditar.
O Santo Padre destacou a generosidade de Deus, “que é Pai e colocou um bem tão grande nas nossas mãos, confiando a cada um talentos diversos”.
~Recordou que “somos portadores duma grande riqueza, que não depende da quantidade de coisas que temos, mas daquilo que somos: a vida recebida, o bem que há em nós, a beleza intangível com que Deus nos dotou. Feitos à imagem d’Ele, cada um de nós é precioso a seus olhos, cada um de nós é único e insubstituível na história”.
Lamentou que “muitas vezes, olhando para a nossa vida, vemos só o que nos falta e lamentamo-nos daquilo que nos falta. Então cedemos à tentação do ‘quem dera…’: quem dera que eu tivesse aquele emprego, quem dera que eu tivesse aquela casa, quem dera que eu tivesse dinheiro e sucesso, quem dera que eu não tivesse tal problema, quem dera que eu tivesse pessoas melhores ao meu redor! Mas a ilusão do «quem dera» impede-nos de ver o bem e faz-nos esquecer os talentos que possuímos”.
Diante dessa tentação de "quem dera", insistiu que " o Senhor pede que nos empenhemos no tempo presente sem nostalgia do passado, mas na diligente expetativa do seu regresso".
Este compromisso exige um serviço. “E serviço é também a nossa atividade, aquilo que faz frutificar os talentos e dá sentido à vida: de fato, quem não vive para servir, não serve para viver”.
Porque “o bem, se não se investir, perde-se, já que a grandeza da nossa vida não depende de quanto amealhamos, mas do fruto que produzimos. Quantas pessoas passam a vida só a acumular, pensando mais em estar bem do que em fazer bem! Como é vazia, porém, uma vida que se preocupa das próprias necessidades, sem olhar para quem tem necessidade! Se temos dons, é para nós sermos dom para os outros”.
“Ser fiel a Deus é gastar a vida, é deixar que os nossos planos acabem transtornados pelo serviço. [...]. É triste quando um cristão se coloca à defesa, prendendo-se apenas à observância das regras e ao respeito dos mandamentos”.
Explicou que “o Senhor convida a envolver-nos generosamente e a vencer o temor com a coragem do amor, a superar a passividade que se torna cumplicidade. Nestes tempos de incerteza, nestes tempos de fragilidade que correm, não desperdicemos a vida pensando só em nós mesmos”.
Nesse sentido, os pobres desempenham um papel profético: “Os pobres garantem-nos um rendimento eterno e permitem, já agora, enriquecer-nos no amor. Com efeito, a maior pobreza que devemos combater é a nossa pobreza de amor”.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.
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No Dia Mundial dos Pobres, Papa recorda sacerdote italiano assassinado
Vaticano, 15/11/2020 (ACI).- O Papa Francisco recordou o sacerdote italiano da Diocese de Como, Roberto Malgesini, assassinado no dia 15 de setembro quando ajudava um sem-teto.
Durante a homilia da Missa celebrada neste domingo, 15 de novembro, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, por ocasião do Dia Mundial dos Pobres, o Santo Padre citou Roberto Malgesini como um exemplo de vida entregue ao serviço aos pobres, nos quais via Jesus.
“Penso, por exemplo, no padre Roberto Malgesini. Este padre não fazia teorias; simplesmente, via Jesus no pobre; e o sentido da vida, em servir. Enxugava lágrimas com mansidão, em nome de Deus que consola”.
“O início do seu dia era a oração, para acolher o dom de Deus; o centro do dia, a caridade para fazer frutificar o amor recebido; o final, um claro testemunho do Evangelho. Aquele homem compreendera que devia estender a sua mão aos inúmeros pobres que encontrava diariamente, porque em cada um deles via Jesus. Irmãos e irmãs, peçamos a graça de ser cristãos não em palavras, mas em obras... para dar fruto, como Jesus deseja”, foram as palavras do Pontífice.
Aos 51 anos, Roberto Malgesini foi assassinado a facadas perto de sua paróquia, a Igreja de San Rocco. Seu agressor, um homem sem-teto que ele ajudava, sofria de problemas mentais.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.
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Dia Mundial dos Pobres: Papa pede para estender a mão aos pobres
Vaticano, 15/11/2020 (ACI).- O Papa Francisco recordou aos cristãos os muitos dons que receberam de Deus – a vida, a fé, o Evangelho, o Espírito Santo, os sacramentos – e os convidou a colocá-los a serviço de Deus e da salvação de seus irmãos e irmãs, estendendo a mão aos pobres.
O Santo Padre falou assim durante a oração do Ângelus que presidiu neste domingo, 15 de novembro, no Palácio Apostólico do Vaticano.
Em seu comentário sobre a leitura do dia, o Papa explicou a parábola dos talentos em que um dono confia a seus servos a custódia e administração de seus bens diante de uma iminente longa ausência.
Ao primeiro, confia cinco talentos, ao segundo dois e ao terceiro um. No Evangelho, especifica-se que Jesus faz essa distribuição não aleatoriamente, mas "segundo a capacidade de cada um".
O Pontífice destacou que esta é a maneira de agir de Deus: “Assim faz o Senhor com todos nós: nos conhece bem, sabe que não somos iguais e não quer privilegiar ninguém em detrimento dos outros, mas confia a cada um segundo as suas capacidades”.
Desse modo, na ausência do patrão, os dois primeiros servos se arriscaram e decidiram investir os talentos que lhes foram confiados, conseguindo duplicar a soma. O terceiro, porém, tem medo de perder o que lhe foi pedido para guardar e decide enterrá-lo "para evitar perigos".
"Ele o deixa lá, a salvo de ladrões, mas sem torná-lo frutífero”. Finalmente, o proprietário retorna e “pede contas aos seus servos. Os dois primeiros mostram os bons frutos do seu esforço e o mestre os elogia, recompensa e convida a partilhar a sua alegria”.
No entanto, o terceiro, “ao perceber que está em falta, imediatamente começa a se justificar dizendo: ‘Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso, fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence'”.
“Defende-se da preguiça acusando seu mestre de ser 'duro'. Então o patrão o repreende: ele o chama de servo ‘mau e preguiçoso’; faz com que tirem o seu talento e o expulsem de casa”.
Francisco lamentou que “este é um hábito que também nós temos. Muitas vezes nos defendemos acusando os outros. Mas eles não têm culpa, a culpa é nossa, a culpa é nossa. E esse servo acusa o outro, o patrão, para se justificar. Muitas vezes fazemos o mesmo”.
O Papa Francisco sublinhou que “esta parábola é válida para todos, mas, como sempre, especialmente para os cristãos. Também hoje é muito atual, hoje é o Dia dos Pobres, onde a Igreja diz aos cristãos: ‘Estendam a mão aos pobres. Estenda sua mão aos pobres. Você não está sozinho na vida: há pessoas que precisam de você. Não seja egoísta: estenda a sua mão aos pobres”.
“Todos nós recebemos de Deus um ‘patrimônio’ como seres humanos, uma riqueza humana, seja ela qual for. E, como discípulos de Cristo, também recebemos a fé, o Evangelho, o Espírito Santo, os Sacramentos e muitas outras coisas...”.
Ressaltou que “dons devem ser usados para fazer o bem, para fazer o bem nesta vida, como serviço a Deus e aos irmãos e irmãs. E hoje a Igreja nos diz: ‘Use o que Deus te deu e olhe para os pobres. Existem muitos. Também nas nossas cidades, no centro das nossas cidades. Existem muitos. Faça o bem’".
“Às vezes pensamos que ser cristão é não fazer o mal, e não fazer o mal é bom. Mas não fazer o bem não é bom. Devemos fazer o bem, sair de nós mesmos e olhar, olhar para aqueles que mais precisam. Há tanta fome, mesmo no coração das nossas cidades, e muitas vezes entramos naquela lógica da indiferença: o pobre está ali e nós olhamos para o outro lado. Estenda a sua mão ao pobre: é Cristo”.
Além disso, rejeitou as críticas de que a Igreja se concentra demais em suas mensagens sobre os pobres. "Sim, alguns dizem: ‘Mas, esses padres, esses bispos que falam dos pobres, dos pobres... nós queremos que falem da vida eterna!’ Olha, irmão e irmã, os pobres estão no centro do Evangelho: foi Jesus quem nos ensinou a falar aos pobres, foi Jesus quem veio pelos pobres”.
“Você recebeu tantas coisas e deixa o seu irmão e a sua irmã morrer de fome? Queridos irmãos e irmãs, cada um diga no seu coração o que Jesus hoje nos diz: ‘Estende a tua mão aos pobres’. E Jesus nos diz outra coisa: ‘Você sabe? O pobre sou eu’. Jesus nos diz: O pobre sou eu'”.
O Papa Francisco concluiu citando o exemplo “da Virgem Maria, que recebeu um grande dom, o próprio Deus, mas não o guardou para si, ela o deu ao mundo, ao seu povo. Aprendamos com ela a estender a mão aos pobres”.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.
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